2014 foi o mais seco dos últimos 32 anos no sistema Cantareira, em SP
Levantamento feito pelo UOL com base em dados fornecidos pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) mostra que 2014 foi o menos chuvoso dos últimos 32 anos no sistema Cantareira. No sistema Alto Tietê, o ano passado foi o mais seco desde 1993.
Formado em 1974, o Cantareira conta com cinco represas e abastece 6,2 milhões de pessoas nas regiões de São Paulo e Campinas. A Sabesp começou a coletar e sistematizar dados sobre chuva na forma atual em 1983. Desde então, nunca houve um ano tão pouco chuvoso como o último no sistema. De janeiro a dezembro, acumularam-se 965 mm de chuva, uma redução de 11,5% em relação aos 1.090 mm de 2013. O problema não é novo, afinal o ano retrasado já havia sido o mais seco da série.
A quantidade de chuva sobre o Cantareira em 2014 ficou 37,8% abaixo da média verificada desde 1983, que é de 1.551 mm. Foi o quarto ano seguido em que a chuva acumulada ficou abaixo da média.
Outro dado que mostra o agravamento e a longevidade do problema é a redução da média de chuva por década. Ela vem diminuindo desde, pelo menos, os anos 80. Baixou de 1.778 mm no período de 1983 a 1990 para 1.532 mm na década seguinte. Desceu para 1.514 mm na primeira década do século e, no decênio atual, está em 1.237 mm.
Remanejamentos feitos pela Sabesp durante o ano passado levaram a uma grande diminuição da área atendida pelo Cantareira. Há um ano, o sistema abastecia 8,8 milhões de pessoas.
Alto Tietê
Formado em 1992, o Alto Tietê é composto por quatro barragens e atende 4,5 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo.
Somente no primeiro ano e no seguinte a quantidade de chuva sobre o sistema foi menor que em 2014. De janeiro a dezembro, acumularam-se 1.047 mm, marca 19,6% mais baixa que a do ano anterior e 24,8% inferior à média desde 1992.
A média da década atual também está abaixo da anterior. A redução de 1.444 mm para 1.272 mm representa uma variação de 11,9%.
Situação crítica
Acentuada no ano passado, a crise deixou os dois sistemas em situação delicada: são os únicos da região metropolitana de São Paulo com menos de 25% da capacidade. Apesar do uso de duas cotas do volume morto, o Cantareira estava com somente 6,9% nesta terça-feira (6). O Alto Tietê tinha 11,8%.
A Sabesp argumenta que tem feito investimentos para aumentar as quantidades de água represada e tratada e a capacidade de transporte da água em todos os sistemas. Em relação às perdas, a empresa afirma que elas foram reduzidas em nove pontos percentuais nos últimos dez anos.
Para o médio e o longo prazos, o governo estadual planeja realizar obras para tratar água do esgoto, interligar o sistema Cantareira com a bacia do rio Paraíba do Sul e trazer água de outro sistema, o São Lourenço, para a região metropolitana de São Paulo.
Para 2015, a única solução é a economia de água. “Num prazo de seis meses você não consegue fazer nenhuma obra. O que nós queremos é que o consumidor consuma menos. A curtíssimo prazo é isso que tem que ser feito”, afirmou o novo secretário de Recursos Hídricos do governo estadual, Benedito Braga, em reportagem exibida no último domingo (4) pelo programa “Fantástico”, da "TV Globo".
Escolhido para comandar a Sabesp no novo mandato do governador Geraldo Alckmin, Jerson Kelman já afirmou que o Estado tem de estar “preparado para o pior”.
O geólogo Pedro Luiz Côrtes, professor da USP, afirma que o Cantareira pode secar por completo ainda em 2015.
Especialistas apontam que o governo de São Paulo cometeu erros de planejamento e tomou decisões equivocadas nos últimos anos. É o caso de Antônio Carlos Zuffo, professor do Departamento de Recursos Hídricos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Ele atribui a falta de água a uma decisão "equivocada" de investir mais na captação do que no controle de vazamentos.
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