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Cão sem duas patas faz sucesso na web e vira inspiração para seguidores

Eliane Almeida

Do UOL, em São Paulo

22/01/2015 06h00

Um poodle que teve duas patas amputadas tem feito sucesso na web e tornou-se exemplo de motivação para internautas. Fofinho e brincalhão, Cupcake, como o animal é chamado, adquiriu a deficiência após um atropelamento, quando perdeu as patas do lado direito em maio do ano passado.

Após muitas agulhas, remédios e cirurgias, a história de Cupcake passou a ser acompanhada diariamente por cerca de 1.800 seguidores no Instagram. Mais do que a admiração, ele se tornou exemplo de superação após ter aprendido a se equilibrar, correr e brincar em duas patas.

Depois do acidente em São Paulo, Cupcake foi abandonado em um hospital veterinário. Ele seria sacrificado se não fosse a disposição de Maria Estrela Felicio, 38, médica veterinária, que se solidarizou e hoje é a dona do cãozinho de cinco anos (idade estimada).

“Eu soube do caso dele através de uma amiga, e pedi para que as amputações fossem feitas para que eu o adotasse. Trouxe-o para casa três dias após a cirurgia, e os dez primeiros foram bastante difíceis. Ele usava fralda, sentia bastante dor e desconforto, e ficava o tempo todo deitado. Ele tomava seis medicamentos diferentes. Eu ficava dia e noite ao lado dele, para dar alimento, água e virá-lo de lado”, lembra a médica.

Segundo Maria Estrela, após 20 dias, ele começou a dar os primeiros passos e, aos poucos, foi conseguindo ficar em pé até andar normalmente, sempre amparado pela dona.

“Sempre acreditei que ele se recuperaria. Todos me achavam louca ou me diziam que ele viveria mal, que não teria qualidade de vida. Claro que a eutanásia seria infinitamente mais ‘fácil’ e menos trabalhosa. Mas acredito em segundas chances, em recomeços”, diz ela.

A dona resolveu, então, que poderia passar adiante a história e contá-la por meio das redes sociais. Passou a publicar vídeos e fotos do poodle diariamente, atraindo fãs que se espelham na superação de Cupcake.

Cupcake consegue se equilibrar, correr e brincar em duas patas

É o caso de Sílvia Vieira, 31, economista, que segue o perfil de Cupcake há alguns meses e, com a ajuda dele, motiva o pai João Vieira Sobrinho, 76, militar aposentado, que sofreu um acidente em maio de 2014, em uma rodovia do Ceará, onde 20 pessoas morreram. Preso nas ferragens, ele teve o braço direito amputado.

“Uma das consequências desse acidente foi o início de uma depressão, já que, apesar da idade, ele era totalmente independente: dirigia, viajava sozinho, etc.” conta Silvia.

“Quando conheci a história do Cupcake, mostrei pra ele. Não é fácil, mas a cada dia ele supera um pouco mais e a agressividade, irritabilidade, ansiedade, insônia, decorrente do acidente, estão diminuindo graças às lições que este cãozinho nos mostra. A sua felicidade, energia, disposição, bom humor são contagiantes e meu pai adora acompanhar o perfil”.

Aline Leite, 38, chefe de recepção, também teve um grande susto e vê na página do cachorro a motivação para seguirem frente. Ela descobriu que o cão que havia comprado ficaria cego em apenas três meses por causa de uma doença congênita.

Orientada pelo veterinário, resolveu devolvê-lo e trocar pelo irmão aparentemente saudável. Dois meses depois, descobriu que o novo companheiro também tem a mesma doença e teria o mesmo destino do irmão: a cegueira.

Aline disse que não sabia o que fazer, até esbarrar na página de Cupcake. “Ver o que o Cupcake passou e agora ser dono de uma energia tão contagiante, de uma doçura, de um brilho nos olhos sem igual, de uma felicidade sem tamanho, me ajudou tanto a aceitar e pensar que o meu cachorro Tommy, mesmo com o problema dele pode sim ser muito feliz”, conta Aline, que resolveu manter e cuidar do melhor amigo.

Flávia Siedlarczyk, 38, administradora de empresas, vê no poodle todos os dias um motivo para superar seu problema. Ela sofre de depressão há anos e quase viu sua empresa falir.

“Eu fui pro buraco. Quando comecei a ler a história de vida do Cupcake, isso me tocou profundamente e refleti sobre muitas coisas da vida. Por exemplo, desistir da minha vida e da minha saúde. Ele lutou bravamente pela vida dele, pelo direito de ser feliz. Cada vez que vejo um vídeo dele correndo e brincando, acho que ali acontece um milagre, então porque não esse milagre também não poderia acontecer comigo? Isso me tocou tão forte que eu reagi e tomei a decisão de recomeçar mais uma vez”, conta Flávia.

Maria Estrela afirma estar surpresa com a repercussão e se emociona ao contar que nunca imaginou poder ajudar alguém desta forma.

“Quando eles me escrevem, contando suas histórias, eu choro de emoção. É muito bom saber que essas pessoas, ao verem as fotos e vídeos, têm mais ânimo para lidarem como dia a dia e os problemas da vida”.