Alagamento transforma Canoas em 'zona de guerra'; universidade vira abrigo
A elevação dos rios dos Sinos e Gravataí deixou Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, embaixo d'água. Um abrigo montado no campus da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil) recebe famílias afetadas pela chuva.
O que aconteceu
Entrando em Canoas, a partir de Porto Alegre, o quadro é desolador. No início da tarde, centenas de pessoas aguardavam, às margens da BR-116, no bairro Niterói, o momento de retornarem para suas casas.
O trânsito é caótico. Sobre as passarelas que cruzam a estrada, curiosos se amontoavam para ver as ruas alagadas. O transporte pela cidade é difícil. Na tarde deste sábado (4), o trânsito era intenso. O som de sirenes de carros de polícia e ambulâncias são constantes. Assim como o barulho dos rotores dos helicópteros que cruzam o céu em diversas direções.
Pacientes de hospital foram transferidos de barco. O HU (Hospital Universitário) da Ulbra está recebendo, desde a manhã deste sábado, pacientes do HPSC (Hospital de Pronto Socorro de Canoas). A instituição está embaixo d'água. Os pacientes foram resgatados por barco.
O clima é de "zona de guerra". Atrás do HU, o campus da Ulbra está lotado. Carros de polícia, caminhões do Exército e helicópteros circulam pelo local.
Ginásios estão lotados. São cerca de dez quadras de esportes e três prédios, somando algo em torno de 250 salas de aula que recebem desabrigados. O número de pessoas ali é incerto, mas chegada de mais resgatados é constante. Voluntários também chegam a todo momento para ajudar.
O abrigo recebe famílias e seus animais de estimação. Lista de desaparecidos, distribuição de comida, material de limpeza e roupas secas fazem parte da estrutura oferecida a quem chega. No prédio da faculdade de veterinária, os pets são atendidos e medicados.
Abrigada em ginásio, mulher está à procura da filha
Mãe de quatro crianças, Franciele Forquim, 32 anos, está abrigada no ginásio da Ulbra. Ela está acompanhada da mãe, uma aposentada de 74, do tio, Fabiano Contreira, 43, e dos três filhos mais novos. A filha, Maria Eduarda, 11, está desaparecida desde o momento do resgate. "Ontem a água começou a subir pelos bueiros. Hoje foi tudo muito rápido. Fomos para a parte de cima do sobrado da minha vizinha pedir socorro", relatou.
Franciele conta que um grupo de 30 pessoas se reuniu na parte mais alta da casa, cujo primeiro andar já estava submerso. "Pegamos peças de roupa vermelhas e começamos a abanar para o helicóptero", contou. Ela, o filho mais novo, de dois meses, a mãe, uma vizinha e outro filho dela foram as primeiras pessoas resgatadas.
A filha, Maria Eduarda, ficou para ser resgatada mais tarde. Desde então não sentem notícia da criança. "Não sei se ela veio de helicóptero, se está emmlutro abrigo. Aqui já procuramos por tudo, mas tem muita gente", concluiu.
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