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Vigilância Sanitária encontra coliformes fecais em pastéis no Rio

A Operação Yulin fiscalizou em pastelarias na cidade do Rio durante o mês de abril - Alexandre Vieira/Agência O Dia/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
A Operação Yulin fiscalizou em pastelarias na cidade do Rio durante o mês de abril Imagem: Alexandre Vieira/Agência O Dia/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Caetano Manenti

Do UOL, no Rio

18/05/2015 16h33

A Vigilância Sanitária do município do Rio de Janeiro divulgou nesta segunda-feira (18) o resultado da análise em 56 das 103 amostras de recheios coletadas em 63 pastelarias da cidade desde 16 de abril. Vinte e oito dos laudos indicam recheios impróprios para o consumo.

"Os resultados foram os piores possíveis", afirmou Luis Carlos Coutinho, superintendente de Alimentos da Vigilância Sanitária Municipal do Rio. Vinte e duas amostras apresentaram presença de coliformes fecais nos alimentos. Segundo Coutinho, há registro de bactérias encontradas nas fezes de roedores e também nas de humanos. A hipótese mais provável é que, neste caso, os preparadores dos alimentos não estejam lavando a mão adequadamente depois de usarem o banheiro.

Outros laudos revelaram ainda a presença da bactéria Staphylococcus aureus, muito comum nas fossas nasais. Também do grupo Staphylococcus, outra bactéria encontrada pode revelar pasteleiros com doenças nas unhas, como a Paroníquia, popularmente conhecida como unheiro. 

As amostras analisadas ainda revelam erros na conservação e no preparo dos alimentos, já que muitas dessas bactérias não sobrevivem às temperaturas muitos frias da conservação em geladeiras adequadas, tampouco às altas temperaturas de fritura ou cozimento. 

A Vigilância Sanitária já interditou, parcial ou totalmente, 28 das 63 pastelarias que passaram pela análise. Além disso, 36 receberam intimação para realizar obras e melhorias estruturais, 51 receberam multas e 455 quilos de alimentos --entre carne moída, frango, requeijão, presunto e queijo-- foram inutilizados pelo órgão. 

Deflagrada durante os últimos 30 dias, a operação de combate à falta de higiene nas pastelarias do Rio de Janeiro deu-se por conta do boato de que algumas pastelarias --especialmente as administradas por chineses-- poderiam estar comercializando carne de cachorro em seus pastéis, algo ilegal no país. A hipótese não foi confirmada pelo Procon-RJ, pela Vigilância Sanitária ou por qualquer outro órgão. 

As autoridades sanitárias alertam a população para ficar atenta a casos de falta de higiene em pastelarias, já que, de acordo com a lei, nenhuma delas deve permanecer fechada por longo tempo. 

"É importante reparar se a bancada está suja, se o uniforme do funcionário está sujo. Todos devem ficar atentos também às unhas dos cozinheiros e aos panos usados. Há panos tão sujos que mais sujam do que limpam", reforça Luis Carlos Coutinho, da Vigilância Sanitária.

Coutinho ainda lembra que vigora uma lei na cidade que obriga os donos a abrir a cozinha para a visitação dos clientes. Para denunciar as más condições de higiene, o telefone é o 1746.

Trabalho escravo

A questão sanitária das pastelarias não é a única a preocupar as autoridades do Rio de Janeiro. Conforme o UOL apurou, o Ministério do Trabalho e Emprego está de olho nos vínculos trabalhistas dos profissionais do ramo, especialmente nos estabelecimentos administrados por chineses. Desde 2013, pelo menos quatro trabalhadores já foram resgatados de situações análogas à escravidão.