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Vizinho confessa ter matado menina em SP, e população promove quebra-quebra

Vizinho confessou ter matado a menina Ana Gabrielle, de acordo com a polícia - Arquivo pessoal
Vizinho confessou ter matado a menina Ana Gabrielle, de acordo com a polícia Imagem: Arquivo pessoal

Wagner Carvalho

Do UOL, em Bauru

22/08/2015 01h52Atualizada em 22/08/2015 17h28

A Polícia Civil de Conchal, a 178 km de São Paulo, prendeu no início da noite desta sexta-feira (21) Marcelo Pedroni, 31, vizinho da menina Ana Gabrielle Santos Ferreira, 6, encontrada morta em um terreno baldio na tarde de quinta-feira (20). O homem, que trabalha como catador de laranjas, confessou que sequestrou a criança e a matou ainda no sábado, de acordo com a polícia.

Com a notícia da prisão do homem, uma multidão se aglomerou na porta da delegacia da cidade. Quando a informação de que ele havia confessado o crime foi divulgada, a cidade virou uma verdadeira “praça de guerra”. O prédio da delegacia foi depredado, e a multidão ameaçou invadir o local para linchar o vizinho de Ana Gabrielle.

Para preservar a segurança e a integridade física dele, Pedroni foi levado para a cidade vizinha, Araras (SP), onde foi ouvido pelo delegado Daniel Pinho. Para a transferência, foi preciso um reforço no efetivo, que contou com apoio de policiais civis de outras cidades da região, além de policiais militares do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate). Em seguida, Pedroni foi levado para a Penitenciária de Itirapina (SP).

"Ele confessou, disse que cometeu o crime minutos depois que sequestrou a garota no corredor do prédio. Contou que não tinha motivo para matar a garota, apenas relatou que estava fora de si, pois havia feito uso de drogas e bebidas", contou o delegado à reportagem do UOL.

Impedidos de agredir o preso e inconformados com a transferência, alguns moradores revoltaram-se. Um ônibus foi incendiado, as vidraças da delegacia foram quebradas, portas de banco, vitrines de lojas foram destruída. Lojas foram saqueadas, e a cidade ficou com um rastro de destruição. A situação só foi controlada após a chegada de policiais de cidade vizinhas.

Conchal - quebra-quebra - G.A Fadel/Conchal em Notícias/Divulgação - G.A Fadel/Conchal em Notícias/Divulgação
Ônibus incendiado durante tumulto
Imagem: G.A Fadel/Conchal em Notícias/Divulgação

Diversos moradores foram detidos pela Polícia Militar. De acordo com o sargento Francisco, até o início desta madrugada (22) os prejuízos ainda eram contabilizados, e a polícia continua em alerta para coibir novos protestos.

O delegado contou ainda que, em depoimento, Pedroni afirmou não ter tentado violentar a vítima, mas que decidiu matá-la depois que ela reagiu a abordagem. "Ele contou que colocou algo na boca da menina para conter sua reação e com uma faca da cozinha começou a golpear a Ana Gabrielle”, revela o delegado. "Ele confessou que ficou com o corpo da menina dentro do apartamento até a madrugada de quinta-feira, quando decidiu se livrar do cadáver, já que o mau cheiro no local poderia levantar suspeitas", disse.

Porém, de acordo com o delegado, vizinhos do rapaz procuraram a polícia e relataram o cheiro forte vindo do local. “Resolvemos investigá-lo e a prisão se deu no início da noite, ele voltando da colheita da laranja, dentro de ônibus de transporte de trabalhadores rurais”, narrou.

Pedroni se mostrou bastante assustado com a pressão da população, mas não demonstrava arrependimento aparente, apenas repetia por várias vezes não saber dizer por que havia cometido o crime. “Questionamos sobre a crueldade, mas ele dizia apenas que não tinha explicação”, afirmou o delegado.

O desaparecimento

Ana Gabrielle Santos Ferreira passava o dia com a tia, Rosângela Alves Ferreira, em um apartamento localizado no Conjunto Habitacional Ângela Calef. No local também estavam o namorado da tia, a filha de dez anos e outra sobrinha de três meses.

Segundo relato da tia, em determinado momento ela teve de descer as escadas para atender a irmã. Ela levou a filha e a outra sobrinha e ficou por cerca de cinco minutos fora. Quando voltou, Ana Gabrielle não estava mais no apartamento.

A família mobilizou a cidade nas redes sociais buscando informações sobre o paradeiro da criança. Cartazes foram espalhados pela cidade e região em busca de informações. O corpo da menina foi encontrado na tarde desta quinta-feira enrolado em um lençol, com as mãos amarradas e com uma faca cravada no pescoço. O sepultamento, sem velório, foi feito na manhã desta sexta-feira, logo após a liberação feita pelo Instituto Médico Legal (IML).