Justiça dá mais 30 dias para investigação sobre morte de mãe de Bernardo
A Justiça gaúcha concedeu mais 30 dias para que a Polícia Civil conclua o inquérito sobre a morte de Odilaine Uglione, ocorrida em fevereiro de 2010, em Santa Maria (RS).
Mãe do menino Bernardo Boldrini, assassinado em abril do ano passado, ela foi encontrada com um tiro na cabeça no consultório do ex-marido, o médico Leandro Boldrini. Ele é réu no processo do assassinato do menino.
Conforme despacho o juiz Marcos Agostini, a investigação terá mais um mês para ouvir testemunhas e anexar o laudo da exumação do corpo de Odilaine, ocorrida no início de agosto, aos autos.
A pedido do delegado Marcelo Lech, destacado para presidir o inquérito, Agostini também autorizou que o IGP (Instituto Geral de Perícias) faça uma nova perícia na arma encontrada na cena do crime.
Em maio, a Justiça aceitou o pedido do MP (Ministério Público) e determinou a reabertura do caso. De acordo com as investigações da polícia da cidade gaúcha de Três Passos, há cinco anos, Odilaine deu um tiro na própria cabeça. Para a família de Odilaine, Leandro é suspeito de envolvimento na morte da mulher.
A reabertura do caso tem como objetivo confrontar o que foi levantado pela polícia naquela ocasião com novas provas produzidas por uma perícia particular encomendada pela família de Odilaine.
Desde o assassinato do menino Bernardo, sua família materna deu início a uma investigação paralela, que tem contado com laudos de peritos particulares.
O advogado Marlon Taborda, que representa a mãe de Odilaine, Jussara Uglione, defende que há uma série de inconsistências no trabalho policial. Segundo as novas perícias, o próprio bilhete de despedida de Odilaine não teria sido escrito por ela, mas por uma secretária de Leandro.
O MP pediu novas diligências policiais, como perícia grafoscópica da carta, uma reprodução simulada dos fatos e oitivas de testemunhas que estavam no consultório no horário do fato, o que vem sendo realizado pela polícia.
Ameaças
Em julho, veio à tona boletim de ocorrência registrado por Odilaine depois de supostamente ter sofrido ameaças ainda antes de se separar de Leandro. A ocorrência está sendo analisada pelo delegado do caso.
No registro policial, Odilaine diz que estava sendo ameaçada por uma ex-babá de Bernardo. O filho da mulher teria enviado mensagens pela internet e celular a Odilaine, dando a entender que ela seria morta. Não está claro os motivos para o ato.
A Polícia Civil, na época do suposto suicídio de Odilaine, não levou em consideração para a investigação este registro de ocorrência.
Este novo elemento deve auxiliar Lech, destacado pela Chefia da Polícia Civil do RS para retomar as investigações. "Esse é mais um dos elementos a serem levados em consideração e investigados para a gente elucidar o que ocorreu no dia dos fatos. Ainda não me posiciono sobre o que ocorreu. Mas essa ocorrência está sendo analisada, e quem tiver que ser ouvido, será no momento oportuno", afirmou o delegado.
Caso Bernardo
Bernardo Boldrini desapareceu no dia 4 de abril de 2014, na cidade de Três Passos, no noroeste gaúcho. Dois dias depois, seu pai, o médico Leandro Boldrini, registrou ocorrência na polícia sobre o desaparecimento do filho.
O corpo do menino foi encontrado por policiais em 14 de abril, enterrado em um matagal na área rural do município vizinho de Frederico Westphalen. No dia 16, a polícia pediu a prisão temporária de Leandro, da madrasta, Graciele Ugulini, e da amiga do casal Edelvânia Wirganovicz, como suspeitos do crime.
Em 13 de maio os três foram indiciados. Dois dias depois, o MP ofereceu denúncia contra os envolvidos, mais o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Segundo a promotoria, Leandro foi o mentor do crime, executado por Graciele, com apoio de Edelvânia. Evandro teria cavado o buraco em que o corpo de Bernardo foi jogado. Os quatro estão presos enquanto corre o processo.
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