Topo

Grupo pede "basta" a empresa de ônibus de Paraty há mais de dois anos

Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

08/09/2015 12h34

O acidente que provocou 15 mortes no domingo (6), em Paraty, quando um ônibus tombou na estrada para Trindade, na Costa Verde do Rio de Janeiro, fez ressurgir a página do Facebook "Basta Colitur", criada há mais de dois anos por moradores revoltados com a empresa que opera serviço de transporte coletivo na cidade.

O grupo surgiu durante a onda de manifestações de 2013, e o principal objetivo era cobrar veículos melhores e a redução da tarifa --hoje fixada em R$ 3,40. Desde então, a página havia caído no esquecimento. No entanto, desde domingo, em decorrência da tragédia, houve aumento de 74,7% no número de curtidas. Várias pessoas publicaram mensagens com reclamações, principalmente em relação ao estado de conservação dos ônibus.

O administrador do grupo, Glauco Nóbrega, afirma que a tragédia "até demorou para acontecer". "Muita gente já previa esse acidente. Era realmente uma tragédia anunciada. Os ônibus são velhos, estão caindo aos pedaços e aquele lugar ali é muito perigoso. É uma combinação perfeita", declarou.

Nóbrega disse já ter tentado entrar em contato com a Colitur para levar a eles os questionamentos dos participantes da página. Porém, não houve resposta até hoje, segundo ele. "Eles se mantêm em silêncio absoluto. As reclamações são antigas, e a Colitur é responsável pelos ônibus de Paraty há mais de 40 anos. Nunca se pronunciaram. Não vai ser agora eles vão dar alguma resposta."

O administrador da "Basta Colitur" afirmou ainda que estuda a possibilidade de convocar manifestações públicas contra a empresa. "Vamos respeitar esse momento de luto e conversar com as famílias. Pode ser que a gente pense em alguma coisa. Isso é algo a ser conversado. Mas o momento agora é de respeito e luto."

A reportagem do UOL tentou entrar em contato os gerentes da Colitur em Paraty, identificados apenas como Tarcísio e Mário. A empresa, contudo, informou que apenas o advogado, Luiz Antônio Cotrim, está autorizado a falar. Em nota oficial, o defensor afirma que os ônibus passam por "manutenção diuturnamente com alto nível de qualidade e, além disso, encontram-se dentro dos padrões de idade média [dez anos] estabelecido pelo poder concedente."

Cotrim negou que o motorista, Marcel Magalhães Silva, 50, tenha relatado eventual falha mecânica no sistema de freios. O condutor sofreu traumatismo craniano e está hospitalizado, sem risco de morte. "Quanto à alegação de que o motorista afirmou a perda de freio, a mesma não é verídica, posto que o próprio ainda não prestou esclarecimentos às autoridades e o fará acompanhado de advogado. Por fim, registra-se que a empresa existe há mais de cinquenta anos e jamais passou por esse tipo de acidente na proporção envolvida."