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Polícia de SC detém cinco suspeitos de matar haitiano

Fetiere Sterlin, haitiano assassinado em Santa Catarina - Arquivo pessoal
Fetiere Sterlin, haitiano assassinado em Santa Catarina Imagem: Arquivo pessoal

Camila Rodrigues da Silva

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

21/10/2015 21h22

A delegacia da Polícia Civil da cidade de Navegantes (a 112 km de Florianópolis), em Santa Catarina, deteve no começo da noite desta quinta-feira (21) cinco suspeitos de envolvimento no assassinato do isolador naval haitiano Fetiere Sterlin, 33, na noite do último sábado (17), no município. Foi preso preventivamente um homem de 24 anos, que não teve seu nome revelado, e foram apreendidos quatro adolescentes de 14, 15, 16 e 17 anos. Segundo a polícia, o menor mais velho teria confessado a autoria do assassinato.

De acordo com depoimento, o garoto de 17 anos, sua namorada e um amigo estavam andando na rua Adolfo Koeler, no bairro Nossa Senhora das Graças, onde estava a vítima com alguns amigos. Sterlin teria "mexido" com a garota.

Como estavam em menor número, os três adolescentes deixaram o local e voltaram algum tempo depois com um grupo, sem a namorada, ainda segundo a polícia. O adolescente teria enfrentado Sterlin, que teria reagido e agredido o garoto. Somente então o menor partiu para cima do haitiano armado com uma faca.

A versão é contraditória à história contada pela esposa da vítima, Vanessa Nery Pantoja, que presenciou a briga. A mulher contou que o casal e outros três amigos haitianos saíram de uma festa quando dois jovens passaram de bicicleta xingando o isolador naval. "Eles passaram xingando meu marido, que xingou de volta. Aqui é bem comum eles passarem xingando de 'macici' [algo como "bicha"], falando para eles voltarem para casa. Nunca descambou para a agressão."

Antes de ir embora, o rapaz teria dito "eu vou voltar e te dar um monte de tiro". Outra testemunha afirmou que os homens que xingaram os haitianos diziam que "haitiano não tem nada para fazer aqui".

Vanessa afirmou que, cinco minutos após a troca de insultos, os mesmos jovens teriam voltado acompanhados por oito homens, além de estarem armados com “com faca, barra de ferro e pá”. "Não houve uma discussão. Veio um em cima de cada um de nós quatro, e os outros foram todos para cima do meu marido, e começaram a esfaqueá-lo".

Mesmo assim, por meio da assessoria de imprensa da Polícia Civil, o delegado Rodrigo Coronha, de Navegantes, informa que está assumindo a hipótese de "crime passional" e que descartou a hipótese de crime de ódio.

O homem de 24 anos está detido na delegacia e os adolescentes foram encaminhados à Vara da Infância e da Juventude para audiência preliminar. A Polícia Civil aguarda as decisões judiciais para concluir o processo.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou no fim da tarde desta terça (20) que a Polícia Federal auxilie a catarinense nas investigações. Segundo o governo federal, o crime "ofende nossa histórica tradição de acolhida e respeito aos imigrantes".