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Vítima de maus-tratos, cão morre cinco dias após ser resgatado no AM

O cachorro Guará morreu após ser resgatado - Joana D"Árc Cordeiro/Divulgação
O cachorro Guará morreu após ser resgatado Imagem: Joana D'Árc Cordeiro/Divulgação

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Recife

09/01/2016 09h46

Um cachorro sem raça definida, de 15 anos, morreu vítima de maus-tratos, em Manaus (AM), nesta quinta-feira (7), cinco dias após ser resgatado pela ONG (Organização Não Governamental) Pata, que atua na proteção de animais.

Guará estava abandonado junto com a cadela Maria, 3, em um imóvel no bairro Dez de Novembro, na zona centro-sul de Manaus. Segundo a ONG, os cães estavam em situação deplorável – doentes, sem comida e água. Debilitado, Guará não conseguia se locomover. Já Maria estava mais esperta, com muita fome e sede.

Vizinhos contaram que os animais foram deixados no quintal da casa pelos antigos moradores do imóvel há mais de um mês. Os nomes dos donos dos cachorros não foram informados. Os cães foram resgatados no último sábado (2), e levados para serem avaliados em uma clínica veterinária. Guará ficou internado em estado grave e morreu.

“Guará estava quase morto, agonizando, tremendo e sem qualquer auxílio. Maria estava sem comida e água há dias, quando oferecemos comida ela quase come a nossa mão de tão esfomeada que estava. O quadro da erliquiose [doença ocasionada por carrapatos] estava muito avançado e as funções renais dele estavam prejudicadas. Infelizmente, ele pagou o preço e consequências da irresponsabilidade e maus-tratos dos próprios donos”, disse Joana D'arc Cordeiro, presidente da Pata.

A presidente da ONG afirmou que foi obrigada a entrar no imóvel, sem autorização dos proprietários, porque os animais estavam em situação de risco de morte. Cordeiro relatou que teria pedido ajuda à polícia para o resgate, mas não teve a solicitação atendida. Diante da situação, ela e um grupo de ativistas, arrombaram parte de um portão, que se abriu, e encontraram Guará, escondido atrás de uma caixa de isopor, e Maria, bastante esfomeada.

“Sem ajuda da polícia, decidi que iria entrar na casa e retirar os animais. Com o conhecimento legal que tive, sei que isso pode e deve ser feito. Assim, filmei, fotografei e levei várias testemunhas para estar respaldada de uma possível ação judicial ou acusação fantasiosa Após acharmos o anjinho vi que ele estava agonizando, gemendo de dor, sem conseguir abrir os olhos e se locomover. Cheio de carrapatos, todo molhado e se tremendo. Retiramos da casa, coloquei o Guará no meu carro e seguimos para a clínica”, relatou.

Cordeiro afirmou que recebeu ameaças da família proprietária dos cães de ser processada judicialmente por invasão de domicílio, escapo e furto. Segundo ela, duas pessoas telefonaram tentando negociar a devolução dos cães e, caso ela negasse, iria responder pelas acusações em juízo.

“Nesta quinta-feira, recebi uma ligação de um homem falando que era advogado dos donos dos cães. A conversa foi estressante e fui ameaçada de que do crime de invasão de domicílio e escapo, mas vou ser processada por crime de furto, não pelo Guará mas pela Maria. A família alega que a cadela, aparentemente, estava bem. A conversa ficou com um tom de 'negociata': devolve os cachorros e eu não te processo”, contou a ativista.

A advogada disse que vai continuar lutando pelos animais e não vai se intimidar com as ameaças dos ex-donos de Guará e Maria. “Se eu não agisse assim e me acovardasse, eu não honraria o nome que levo e não seria uma protetora de animais. Se eu não tomar as providências legais, morais e humanas que devem ser tomadas neste caso, estarei indo contra o juramento que eu própria fiz quando passei a integrar a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), além de compactuar com a impunidade neste tipo de crime”, destacou.

A Polícia Civil do Amazonas informou que não houve registro de denúncias relativas à situação dos dois cachorros na Dema (Delegacia Especializada em Crimes Contra Meio Ambiente), responsável por investigar casos semelhantes ao relatado pela ONG PATA. Segundo a nota, enviada ao UOL, nesta sexta-feira (8), a Polícia Civil afirmou que não pode responder sobre o caso sem que haja denúncias.