Paralisação de terminais de ônibus surpreende e revolta usuários em SP
A paralisação por duas horas nesta quarta-feira (18) de 29 terminais de ônibus da cidade de São Paulo pegou diversos passageiros de surpresa. De acordo com dado da Prefeitura, cerca de 1,5 milhão de pessoas foram atingidas pelo ato promovido por motoristas e cobradores de ônibus, que estão em campanha salarial.
O porteiro Yul Paulino, de 53 anos, chegou ao Terminal Parque D. Pedro II, no centro da capital paulista, dez minutos antes da paralisação, mas não conseguiu embarcar. Morador de Cidade Tiradentes, na zona leste, ele costuma gastar cerca de três horas para chegar a Santo Amaro, na zona sul, onde trabalha.
"Eu não sabia que ia ter paralisação", disse. "É uma palhaçada: se quer negociar, que vá para a mesa de reunião. No fim, eles têm direito de parar a cidade e a gente tem direito de ficar parado", reclamou.
Com a filha de oito meses no colo, a comerciante Beatriz Correia, de 19 anos, era mais uma que estava desavisada sobre o ato. "Minha filha tinha consulta no médico hoje, não podia faltar, mas precisei mandar uma mensagem para o trabalho, avisando que ia atrasar", disse. Aos 68 anos e operada do fêmur, a doméstica Gelza Souza também foi pega desprevenida após sair de uma consulta médica.
"Resolveram parar logo em dia de chuva. Prejudica, mas a gente também precisa entender que é bom para eles. Sem o motorista, ninguém anda na cidade", disse.
A professora Manuela Barbosa, de 56 anos, precisou aguardar mais de uma hora no Terminal Bandeira, também no centro, para pegar um ônibus para casa. "Sou a favor de protesto, mas desde que comunique à população para todo mundo se organizar", disse. "A gente sai de casa e fica sem saber o que fazer com os terminais bloqueados", afirmou. Moradora da zona norte, a assistente jurídica Jennifer Santos, de 27 anos, também se queixou da falta de aviso. "Se eu soubesse da paralisação, tinha ficado em casa."
Aumento Salarial
O Sindmotoristas (sindicato da categoria) reivindica aumento real de 5% no salário, reajuste do tíquete refeição de R$ 19 para R$ 25 e participação nos lucros de R$ 2 mil - o dobro do valor pago no ano passado. A pauta também inclui convênio odontológico gratuito, seguro de vida e auxílio funerário. Já a proposta das empresas de transportes foi de reajuste salarial de 2,31%, abaixo da inflação, e do tíquete refeição.
Em nota, a Prefeitura afirma que o impasse se trata de uma relação "privada entre empresários e empregados", mas que acompanha a questão de perto por ser um ser um serviço essencial. Uma nova paralisação nos terminais está programada para ocorrer nesta quinta-feira (19), entre as 14h e 16h.
* (Com informações do Estadão Conteúdo).
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