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Ordem de ataques a ônibus no MA partiu de presos de Pedrinhas, diz governador

Ônibus incendiado por criminosos no município de Raposa na noite de quinta-feira (19) - Domingos Costa/Divulgação
Ônibus incendiado por criminosos no município de Raposa na noite de quinta-feira (19) Imagem: Domingos Costa/Divulgação

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

20/05/2016 15h45Atualizada em 20/05/2016 16h51

A série de ataques criminosos a ônibus no Maranhão, que vem ocorrendo desde a noite desta quinta-feira (19), foi ordenada por oito presos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, segundo o governador do Estado, Flávio Dino (PCdoB). Ele disse que os acusados pertencem a uma facção criminosa que eles agiram diretamente no comando dos crimes. Os nomes dos presos não foram divulgados.

Seis ônibus foram atacados durante a noite de ontem em São Luís, Raposa e Paço do Lumiar. Quatro deles foram incendiados enquanto estavam parados nos terminais das linhas. Nesta sexta-feira (20), outros dois veículos foram atacados nos bairros Primavera e João de Deus, em São Luís. Os motoristas conseguiram apagar o fogo com extintores dos próprios ônibus e não houve registro de feridos. 

“Quero garantir à população que vamos vencer essa etapa, e que a cultura da paz vai vencer, que as pessoas de bem podem ter a tranquilidade de que nós vamos, progressivamente, com a autoridade da lei, garantir que essas organizações criminosas deixem de atuar como infelizmente vêm atuando há muitos anos no Maranhão. Aproximadamente são oito presidiários, integrantes de uma facção, envolvidos diretamente nesta ocorrência”, disse o governador do Maranhão.

Segundo Dino, o grupo que ordenou os ataques criminosos de ontem pertence à mesma facção que comandou incêndios a ônibus em 2014 --quando quatro pessoas ficaram feridas e uma menina de seis anos morreu queimada-- e de 2013 --quando ocorreram incêndios em postos da PM e um policial morreu metralhado. Na época, o Estado transferiu os envolvidos para os presídios federais no Rio Grande do Norte e no Mato Grosso do Sul.

O governador disse ainda que todo efetivo das polícias Militar e Civil, além do Corpo de Bombeiros e Guarda Municipal, está nas ruas para coibir novos ataques a ônibus. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) informou que montou barreiras nas estradas que são saídas e entradas da capital para também coibir a circulação de criminosos.

Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), pelo menos 14 pessoas foram presas pela polícia acusadas de cometer os crimes. O Estado já cogita transferir os presos envolvidos nos ataques para presídios federais.

Após reunião nesta manhã, o Sindicato dos Rodoviários do Maranhão informou que a direção decidiu que a frota da linha que for atacada será imediatamente recolhida até que situação seja normalizada. Na noite de ontem, o sindicato orientou que os rodoviários retornassem com os ônibus às garagens para garantir a segurança dos trabalhadores e usuários.

Ainda na noite de ontem, em outra ação ainda não esclarecida, um policial militar de folga sofreu tentativa de homicídio em São Luís. O PM levou dois tiros no residencial Nova Aurora, no Cohatrac. O policial está internado no Hospital Socorrão I, e o estado de saúde dele é estável. O serviço de inteligência da Polícia Militar investiga se os ataques e a tentativa de homicídio contra o policial têm ligação.

Pedrinhas

Em 4 de janeiro de 2014, quatro ônibus foram incendiados em São Luís e cinco pessoas ficaram feridas, entre elas uma menina de seis anos, que morreu com 95% do corpo queimado. Os incêndios foram ordenados por presos integrantes de facções criminosas em retaliação à operação "Pedrinhas em Paz", dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, realizada pela Tropa de Choque da PM.

Em novembro de 2013, depois de uma ação de pente fino em Pedrinhas, moradores viveram dias de terror com uma série de ataques a ônibus, assaltos nos veículos, ataques a prédios públicos e incêndios em trailers da PM, que acabaram sendo desativados. Um policial reformado foi assassinado a tiros enquanto conversava com a namorada no bairro Maracanã. E outro foi metralhado dentro de um posto da PM enquanto trabalhava sozinho no local.

Relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), divulgado em dezembro de 2014, apontou que o domínio de facções criminosas que agem dentro dos presídios maranhenses deixavam as unidades prisionais "extremamente violentas". Naquele ano, 60 presos foram assassinados dentro do complexo penitenciário. A maior parte das mortes tem relação com brigas entre as facções criminosas Bonde dos 40 --nome em alusão à pistola .40-- e PCM (Primeiro Comando do Maranhão), facção ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital).