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Receosos com situação na terra natal, brasileiros vão às urnas no exterior; há 500 mil cadastrados

Neste ano,  500.727 brasileiros estão aptos a votar no exterior, segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal  - Fernando Bizerra Jr/EFE
Neste ano, 500.727 brasileiros estão aptos a votar no exterior, segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal Imagem: Fernando Bizerra Jr/EFE

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

06/10/2018 04h01

Mais de meio milhão de brasileiros em 99 países poderão votar neste domingo (7) nas eleições presidenciais - para os outros cargos, não é possível votar estando no exterior. 

Há 500.727 eleitores registrados - um número 41% maior do que o anotado em 2014, segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), responsável por esses eleitores. 

Segundo o TRE-DF, foram enviadas 680 urnas eletrônicas para fora do país. Alguns locais terão voto em cédula de papel, nas chamadas urnas de lona, por “motivos variados”, segundo o órgão.

Estados Unidos, Japão e Portugal têm as maiores concentrações de brasileiros aptos a votar no exterior. As urnas estarão abertas das 8h às 17h dos horários locais - o que implica que em localidades como Nova Zelândia, Austrália e Japão, as eleições comecem já durante o sábado, no horário de Brasília.

Em Portugal há anos, Juan Salomão e Eduardo Nazareth foram enfáticos ao explicar por que planejam votar: o atual momento político da terra natal.

“Decidi votar mesmo fora do Brasil por acompanhar os acontecimentos e pela preocupação de ter o melhor para os familiares e amigos no Brasil. Vejo que a atual situação democrática do Brasil está em estado crítico de sobrevivência”, disse Nazareth, 31, analista de dados há três anos e meio em Lisboa.

Nazareth disse que escolheu votar em Fernando Haddad (PT) por conta da atuação dos governos do PT em favor dos brasileiros em Portugal. “Sei dos benefícios que eles realizaram para milhares de imigrantes brasileiros”, disse.

“Nossa nacionalidade e nossa cidadania existem para além do território geográfico, não tem por que eu deixar de contribuir com o mínimo que posso fazer”, disse Juan Salomão, 30. Ele vive há cinco anos no Porto, no norte de Portugal e diz que pretende votar em Ciro Gomes (PDT).

Para o professor de Direito Internacional da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Cláudio Finkelstein, a instabilidade econômica dos últimos anos fez com que o número de emigrantes brasileiros aumentasse, mas isso não significa que eles se ausentaram da discussão política no país.

“Vemos movimentos defendendo candidatos em Miami, Nova York e Lisboa. São pessoas que em tese deixaram tudo para trás, mas na verdade não deixaram, pois querem mudanças políticas com esperança de um dia ter aqui o que foram procurar no exterior”, explicou ao UOL.