Quem vota no libertário Gary Johnson, a 'terceira via' nas eleições dos EUA?
Gary Johnson, o candidato libertário à Presidência dos EUA, pode acabar conquistando mais votos do que qualquer outro candidato de um terceiro partido em 20 anos, se as pesquisas se confirmarem. Mas quem são seus eleitores?
Johnson, um ex-governador republicano do Novo México, está contando com o apoio dos jovens e de eleitores independentes desiludidos com os candidatos dos dois principais partidos.
Mais de 70% de seus eleitores têm menos de 50 anos, e mais de três quintos deles não votam em partidos específicos, de acordo com uma pesquisa realizada em agosto pelo Pew Research Center.
No total, Johnson, que constará na cédula em todos os 50 Estados, tem o apoio de 10% dos eleitores registrados, de acordo com a pesquisa do Pew.
A coalizão de Johnson é relativamente variada, especialmente em comparação com a de Donald Trump, o candidato presidencial republicano.
Trinta por cento dos apoiadores de Johnson são negros ou hispânicos, em comparação com somente 6% no caso de Trump.
E enquanto somente 42% dos apoiadores de Trump são mulheres, o Pew Center descobriu que os de Johnson estão divididos de forma equilibrada, com 51% de mulheres e 49% de homens.
Os estrategistas republicanos já dizem há muito tempo que seu partido precisa fazer mais para atrair os eleitores mais jovens, os não-brancos e as mulheres. Trump está quase 20 pontos atrás de Hillary Clinton, a candidata democrata, entre as mulheres, e com uma diferença ainda maior entre eleitores das minorias, de acordo com o Pew Center.
“Tem algo acontecendo quando a coalizão não consegue mais atrair além de seus eleitorados específicos e cada vez menores”, diz Michael Madrid, do GrassrootsLab, uma consultoria republicana. “Esse é o principal problema enfrentado pelos republicanos.”
Enquanto Trump se distancia da ortodoxia republicana a respeito de temas que incluem livre-comércio e reforma da seguridade social, ele permanece com o fardo daquilo que pode ser o aspecto mais impopular do partido: sua própria marca. Mais de 6 entre 10 americanos veem o Partido Republicano de forma desfavorável, de acordo com uma pesquisa do New York Times/CBS News de julho.
Originalmente um empresário, Johnson se apresentou como uma alternativa a Trump ao focar na redução do tamanho do Estado enquanto adota uma abordagem de não intervenção a respeito de questões sociais.
Ele defende o fim do imposto de renda, a retirada de regulações sobre as empresas de internet e uma movimentação agressiva para equilibrar o orçamento federal.
Mas boa parte da mensagem de Johnson se focou em políticas sociais. Seu apoio ao direito ao aborto e à legalização da maconha atrai muitos jovens, ao mesmo tempo em que o deixa fora de sintonia com seu antigo partido.
“Quando você vai além da retórica e da política das primárias que os republicanos e democratas precisam jogar, a verdadeira maioria dos americanos são essencialmente responsáveis do ponto de vista fiscal e inclusivos socialmente”, diz Joe Hunter, porta-voz de Johnson.
“Neste momento, nenhum dos dois principais partidos —especialmente o Partido Republicano— está representando essa visão”, diz Hunter.
Johnson foi veementemente contrário à proposta de Trump de construir um muro ao longo da fronteira com o México, dizendo que na verdade o governo deveria tornar mais fácil para os imigrantes entrarem legalmente nos Estados Unidos.
A ascensão de Johnson —que conquistou menos de 1% dos votos como o candidato libertário em 2012— se deve em parte à insatisfação com Trump e Hillary, que recebem ambos avaliações negativas da maior parte dos eleitores. Ela também reflete o fato de que muitos americanos hoje se identificam como independentes.
Johnson está tentando alcançar 15% nas principais pesquisas nacionais, que o permitiriam participar dos debates presidenciais nacionais das emissoras de TV.
Uma pesquisa do “Washington Post”/ABC News de agosto apontou em 8% o apoio geral a Johnson, mas mostrou que ele subiu 14% entre os independentes. Ele tem atraído apoio em igual proporção de eleitores que do contrário se inclinariam para Trump ou Hillary.
O magnata dos negócios Ross Perot concorreu como candidato presidencial independente em 1992, conquistando 19% dos votos com uma plataforma de políticas socialmente moderadas e fiscalmente conservadoras, não muito diferentes das de Johnson. Ele também teve a maior parte de seu apoio vinda de eleitores jovens. Perot voltou a concorrer em 1996 e conseguiu 8% dos votos.
Johnson atualmente não está nem perto de onde Perot esteve em 1992, quando por um breve momento ele passou à frente tanto de Bill Clinton quanto de George Bush nas pesquisas. E há vulnerabilidades claras no poder de atração de Johnson.
Ele depende demais dos Estados do Oeste, tendo um terço de seus eleitores de lá, de acordo com duas pesquisas recentes do “Washington Post”/ABC News.
E a pesquisa do Pew Center mostra Johnson com somente 4% entre eleitores acima de 65 anos. Seu desempenho é igualmente fraco entre aqueles que se descrevem como conservadores.
Por enquanto, eleitores mais velhos e a base conservadora continuam sendo cruciais para o Partido Republicano. Apesar de seus problemas nas eleições presidenciais nos últimos 25 anos, o partido controla as duas câmaras do Congresso e a maior parte das legislaturas dos Estados.
Mas Trump tem pela frente uma batalha difícil, e se ele perder, os republicanos mais uma vez terão de repensar como escolher seu candidato à presidência e como ampliar sua atratividade para um eleitorado que vem mudando.
“Essa provavelmente será a sexta eleição das últimas sete em que os republicanos perderão o voto popular”, diz Richard Born, um cientista político da Vassar College que estuda a polarização política. “Eles terão ser mais moderados, e os direitos de imigração serão um dos pontos nos quais eles terão de ser mais moderados.”
Se Trump perder em novembro, ele acrescentou, o candidato do Partido Republicano para 2020 poderá ser “algo entre um Gary Johnson e um Mitt Romney.”
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