Força Nacional é chamada após ataques deixarem 6 indígenas feridos no PR
A Força Nacional foi convocada após ataques à comunidade Yvy Okaju, na Terra Indígena (TI) Tekoha Guasu Guavirá, deixarem seis indígenas do povo Avá-Guarani feridos desde o último dia 29. A TI fica na região de Guaíra, no oeste do Paraná.
O que aconteceu
Ministério dos Povos Indígenas solicitou presença da Força Nacional na região. Em nota divulgada neste sábado (4), o órgão afirmou que "condena os atos de violência contra o povo Avá Guarani, ocorridos desde o fim de dezembro de 2024, na Terra Indígena Tekoha Guasu Guavira" e que acompanha a situação.
Comunidade denunciou no fim de novembro que ataques poderiam acontecer. Em encontro realizada nos dias 23 e 24 daqueles mês, os Avá Guarani informaram saber que havia ações previstas para o Natal e informaram as autoridades. Apesar disso, o reforço na segurança só foi enviado após os primeiros ataques ocorrerem.
Pistoleiros ligados ao agronegócio são apontados como autores das ações por indígenas. A Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) diz que "pistoleiros mascarados e armados" atuam na área e "queimaram barracos, dispararam com pistolas, espingardas e rifles e lançaram bombas contra indígenas".
Indígenas afirmam que Força Nacional "chega sempre atrasada". De acordo com a Apib, os ataques dos últimos dias foram anunciados pelos autores nas redes sociais e poderiam ter sido evitados. Em um dos casos, eles afirmam que a comunidade "ficou durante horas cercada por pistoleiros" sem que nada acontecesse.
Força Nacional foi informada sobre ataques por volta de 21 de sexta (3). Em nota, o Ministério da Justiça afirmou que "determinou o aumento de 50% no efetivo da Força Nacional de Segurança Pública" na região, que conta com agentes desde sábado (4).
Povo Avá Guarani briga há décadas pela demarcação de terra. Atualmente, a regularização da TI Tekoha Guasu Guavirá está paralisada por determinação judicial, com base na tese do marco temporal. Os indígenas tiveram seu território invadido nos anos 1930 e tentam a retomada desde o fim da década de 1990.
Ataques em série
Na noite de sexta (3), quatro pessoas ficaram feridas em ataque. Segundo a Apib, uma criança de 4 anos e um adulto foram atingidos na perna, um jovem alvejado nas costas e outro indígena baleado no maxilar.
Na terça (31), criminosos dispararam rojões e atearam fogo à TI por volta de meia-noite. Um indígena ficou ferido no braço por conta de disparo de arma de fogo e teve de ser levado para um hospital. Na noite do dia anterior, uma indígena teve queimaduras no pescoço em função de ataque parecido ao mesmo local.
Na segunda (30), peritos recolheram 14 cápsulas de balas na comunidade — todas de calibre 38. Entretanto, após a equipe da Polícia Federal deixar o local, os ataques recomeçaram, de acordo com informações fornecidas pelos indígenas.
No domingo (29), invasores atearam fogo na vegetação e plantações da terra indígena. Um dos barracos que existia no local também foi incendiado. Armas de fogo e bombas foram disparadas durante o ataque. Desde julho, moradores da comunidade relatam a ocorrência de ações armadas no local de forma recorrente.
No fim de 2023, comunidade já havia sido alvo de ataques parecidos. Nos dias 23 e 24 daquele ano, os Avá Guarani foram alvos de disparos de arma de fogo e tiveram animais torturados por integrantes de milícias armadas.
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