País reduz em 39% emissões de gases de efeito-estufa
As emissões brasileiras de gases do efeito-estufa caíram 39% entre 2005 e 2010, graças à redução no desmatamento da Amazônia, segundo os dados do novo inventário nacional, divulgado nesta quarta-feira em Brasília. Com isso, o país já cumpriu 65% de sua meta voluntária de redução de emissão de gases relacionados ao aquecimento global, estabelecida para 2020.
Em números absolutos, o Brasil emitiu 1,25 bilhão de toneladas de CO2 equivalente (medida que combina todos os gases em uma única conta) em 2010, comparado a 2,03 bilhões de toneladas em 2005. Toda essa redução deve-se, essencialmente, ao combate do desmatamento na Amazônia, que nos mesmos cinco anos caiu 63%. Em todos os outros setores, as emissões do País cresceram: energia (21,4%), indústria (5,3%), agropecuária (5,2%) e tratamento de resíduos (16,4%). Excluindo as florestas da conta como um todo, as emissões do país no período aumentaram 12%.
"Os números marcam claramente uma mudança no perfil de emissões do Brasil, que passa a ter menos cara de país tropical e fica com mais cara de país industrializado", avaliou Guarany Osório, do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas.
Segundo ele, a competitividade que o Brasil tinha de poder reduzir suas emissões simplesmente pela redução do desmatamento está próxima de acabar, o que exigirá mais investimento em ciência, tecnologia e parcerias com o setor privado para diminuir emissões também nas outras áreas.
O pesquisador Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), fez uma análise bastante positiva dos números, ressaltando que o crescimento registrado nos setores de energia e agropecuária ficou abaixo do que era projetado para o período. "Não vejo pontos preocupantes", afirmou.
Segundo Nobre, a produção agrícola do País cresceu muito mais do que as emissões do setor, o que significa que, proporcionalmente, a "intensidade de carbono" da atividade diminuiu. O mesmo ocorreu no setor energético, com o aumento do uso de fontes renováveis.
Um ponto que merece atenção, segundo o engenheiro florestal Tasso Azevedo, consultor na área de clima e florestas, é o fato de o governo ter considerado na conta as emissões "líquidas" - descontando o dióxido de carbono que é absorvido naturalmente pelas florestas. "Sem isso há uma diferença considerável; as emissões passam de 1,5 bilhão de toneladas (em vez de 1,25 bilhão)", calcula. (Colaborou Giovana Girardi). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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