ESCÂNDALOS NO CONGRESSO

3. Deputados do PP discutem participação em contrato do governo

 

Data de divulgação 
23.jan.2012

O escândalo
O deputado federal João Pizzolatti (PP-SC) sediou em seu apartamento funcional em Brasília três reuniões, de maio a julho de 2011, nas quais a cúpula de seu partido discutiu participação em um contrato milionário do Ministério das Cidades, noticiou a "Folha de S. Paulo" em 23.jan.2012.

"Eles [integrantes da cúpula do PP] permitiram que a empresa, a Poliedro Informática, fizesse contato com a equipe de Negromonte [Mário Negromonte, ex-ministro das Cidades] e discutisse o assunto com o governo antes de outros interessados", relatou a "Folha". A reunião, segundo o jornal, ocorreu antes que fosse aberta licitação para o projeto.

O deputado Mário Negromonte (PP-BA) era o ministro das Cidades na época de divulgação do caso e participou de um dos encontros no apartamento de Pizzolatti, disse a reportagem. Negromonte saiu do governo suspeito de corrupção em 2.jan.2012, como registrado pelo portal "G1". Ele foi substituído pelo também deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

"Também estiveram nas reuniões o secretário-executivo do ministério e braço direito de Negromonte, Roberto Muniz, o lobista Mauro César dos Santos e o ex-deputado Pedro Corrêa, cassado por conta de seu envolvimento no escândalo do mensalão", afirmou a "Folha".

Segundo a "Folha", as discussões do PP com a Poliedro começaram em 12.abr.2011, quando o dono da empresa, Luiz Carlos Garcia, "encontrou o ex-deputado Corrêa num leilão de pôneis em Brasília e discutiu o projeto das Cidades". O contrato –estimado em R$ 12 milhões, mas que pode chegar a R$ 60 milhões na expectativa do dono da Poliedro– é para uma empresa gerenciar as redes de computadores do Ministério e monitorar obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Outro lado
Texto da edição de 23.jan.2012 da "Folha" apresenta a versão dos envolvidos no caso.

O Ministério das Cidades confirmou que o ex-ministro Mário Negromonte esteve com o empresário Luiz Carlos Garcia, dono da Poliedro, no apartamento funcional do deputado João Pizzolatti (PP). Mas afirmou que o encontro foi casual. De acordo com a assessoria do Ministério, Negromonte participava de almoços e jantares oferecidos por Pizzolatti e outros parlamentares.

"Numa dessas ocasiões, onde estavam presentes vários parlamentares, prefeitos e amigos do deputado Pizzolatti, [o ministro] recorda-se de ter sido apresentado, conjuntamente ao secretário Roberto Muniz, ao senhor Luiz Carlos Garcia, que solicitou audiência para apresentação do portfólio de sua empresa", informou a assessoria, segundo publicado pela "Folha".

A assessoria disse ainda que os encontros que Garcia teve em agosto com o secretário-executivo do Ministério, Roberto Muniz, e o chefe de gabinete de Negromonte, Cássio Peixoto, serviram para "apresentar" a empresa e não tiveram relação com a contratação de serviços pela pasta.

O deputado João Pizzolatti, por sua vez, confirmou que sediou os encontros em seu apartamento. Ele negou, no entanto, que tenham servido para discutir o contrato do Ministério das Cidades. Disse também não se "lembrar da fisionomia" de Garcia.

O ex-deputado Pedro Corrêa também confirmou que esteve com o empresário num leilão de pôneis em abril. Mas afirmou não se lembrar de outros encontros que "possam ter ocorrido em eventos distintos em outros lugares."

O dono da Poliedro confirmou que esteve nas reuniões para tratar do projeto do Ministério. Mas afirmou que não discutiu detalhes da licitação. "A conversa foi técnica", disse.

"Num primeiro contato, ele [Garcia] negou ter visto Negromonte no apartamento. Depois, disse que "é possível que ele estivesse lá". Na terça-feira, mandou a assessoria dizer que nunca se reuniu com o ministro. Depois que a assessoria do ministério confirmou o encontro, Garcia não quis mais se manifestar", publicou a "Folha".

O que aconteceu?
Nada.

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