ESCÂNDALOS NO CONGRESSO

36. Senador Requião (PMDB-PR) arranca gravador da mão de repórter no Senado

Data de Divulgação

26.abr.2011

O escândalo

O senador Roberto Requião ameaçou bater e tomou o gravador de um jornalista que o questionou sobre a pensão que recebe como ex-governador do Paraná, em 25.abr.2011. O gravador foi devolvido horas depois, no gabinete de Requião, após insistência do dono do aparelho. No entanto, as gravações haviam sido apagadas.

O fato foi amplamente noticiado, inclusive pelos jornais "Folha de S.Paulo", "O Estado de S. Paulo", "O Globo" e "Correio Braziliense" em 26.abr.2011.

O site do próprio Requião divulgou parte do conteúdo do gravador (disponível aqui, no site da "Folha"). "Já pensou em apanhar, rapaz?", diz Requião na gravação.

"O episódio foi testemunhado por jornalistas depois de sessão em que o Senado comemorou o Dia Nacional dos Aposentados", noticiou a "Folha de S. Paulo".

Pelo Twitter, Requião comentou o episódio: "Acabo de ficar com o gravador de um provocador engraçadinho. Numa boa, vou deletá-lo".

"A pergunta era sobre pensão de R$ 24 mil que recebe como ex-governador, revogada pelo governador Beto Richa e que não foi suspensa porque Requião entrou com recurso", informou a "Folha".

O jornal também relatou que o repórter Victor Boyadjian, da "Rádio Bandeirantes", tentou registrar queixa por agressão na Polícia do Senado, mas não conseguiu. Os policiais afirmam não poder fazer ocorrências contra senadores e que apenas o corregedor da Casa poderia fazê-lo. No dia do ocorrido, no entanto, o Senado não possuía um corregedor, mesmo tendo a legislatura começado há mais de dois meses.

Outro lado
Requião classificou o episódio como "bobagem", noticiou a "Folha". "Estava dando entrevista sobre inflação, ele tentou fazer uma pergunta agressiva. Pedi o gravador, retirei o chip e devolvi", disse.

Em 26.abr.2011, no plenário do Senado, Requião afirmou ser mal interpretado pela imprensa que noticiou o fato. Segundo o senador, a pergunta sobre sua pensão já havia sido respondida e o repórter da rádio Bandeirantes pretendia provocá-lo até que criticasse o governo de Dilma Rousseff, noticiou a Agência Senado, em 26.abr.2011 (aqui, reprodução do texto no site do jornal "O Globo").

"Eu apenas retirei o gravador para evitar que ele editasse o conteúdo", afirmou Requião. À "Folha de S.Paulo", Requião disse não ter agredido o repórter, apenas ter lhe pediu que entregasse o gravador. "Mas a gravação, apagada por Requião, mostra que o senador ameaçou bater no repórter depois do questionamento", publicou o jornal em 26.abr.2011.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), classificou a agressão de "atrito devido a um problema de temperamento", publicou a "Folha" em 26.abr.2011. "É um episódio que podia não ter acontecido. Acho que foi um atrito, mas não tem essa conotação de uma agressão à liberdade de imprensa", disse o presidente.

O jornal "Correio Braziliense" relatou em 26.abr.2011 que Requião apagou não apenas a gravação de seu depoimento como também as outras entrevistas feitas pelo repórter da "Rádio Bandeirantes" em 25.abr.2011. "Acreditei que não receberia o gravador de volta. Não é justo ele ter o material e eu não. Eram arquivos de um dia inteiro de trabalho", disse o repórter Victor Boyadjian ao "Correio".

O que aconteceu?

Em 4.mai.2011, nove dias após tomar o gravador do repórter da "Rádio Bandeirantes", o senador Roberto Requião voltou a fazer ameaças físicas. Não respondeu perguntas feitas pessoalmente pelo repórter Danilo Gentili, do programa "CQC", da TV Bandeirantes. E escreveu em seu twitter: "Novamente nos corredores do Senado o mal cheiroso CQC procurando descolar uma agressão física". O fato foi noticiado pelo site do jornal "Folha de S.Paulo".

Após a agressão de Requião contra o jornalista da "Rádio Bandeirantes", em 25.abr.2011, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), decidiu nomear um corregedor para apurar irregularidades cometidas por seus colegas. "Com três meses de atraso, o senador José Sarney (PMDB-AP) prometeu anunciar esta semana o nome do novo corregedor-geral do Senado. O cargo está vago desde o ano passado, com a morte do ex-corregedor Romeu Tuma (PTB-SP). Cabe ao corregedor investigar os parlamentares por atos relacionados ao mandato", noticiou a "Folha", em 26.abr.2011.

Em 26.abr.2011, o senador VItal do Rêgo (PMDB-PB) foi escolhido por seus colegas o novo corregedor do Senado, segundo noticiou o portal "G1".

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