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Governo oficializa Mercadante no lugar de Haddad na Educação; Marco Antônio Raupp assume Ciência e Tecnologia

Fernando Haddad (esq.) deixa o Ministério da Educação para concorrer à Prefeitura de São Paulo; Aloizio Mercadante (ex-Ciência e Tecnologia) assume a vaga - Montagem Folhapress e Agência Senado
Fernando Haddad (esq.) deixa o Ministério da Educação para concorrer à Prefeitura de São Paulo; Aloizio Mercadante (ex-Ciência e Tecnologia) assume a vaga Imagem: Montagem Folhapress e Agência Senado

Fábio Brandt

Do UOL, em Brasília

18/01/2012 18h51Atualizada em 18/01/2012 19h05

O governo federal anunciou nesta quarta-feira (18) a primeira mudança ministerial de 2012. O ministro da Educação, Fernando Haddad, deixa o cargo para concorrer à Prefeitura de São Paulo nas eleições desse ano. Ele será substituído por Aloizio Mercadante, que ocupava o Ministério da Ciência e Tecnologia. No lugar de Mercadante entra Marco Antônio Raupp, que era presidente da Agência Espacial Brasileira.

“A presidenta da República, Dilma Rousseff, agradece o empenho e a dedicação do ministro Haddad à frente de ações que estão transformando a educação brasileira e deseja a ele sucesso em seus projetos futuros. Da mesma forma, ressalta o trabalho de Mercadante e Raupp nas atuais funções, com a convicção de que terão o mesmo desempenho em suas novas missões”, afirma nota oficial do governo.

  • Rodrigo Paiva/Folhapress

    Marco Antônio Raupp, ex-presidente da Agência Espacial Brasileira, assume a vaga de Aloizio Mercadante no Ministério da Ciência e Tecnologia

A posse e a transmissão de cargo dos novos ministros acontece no próximo dia 24 de janeiro.  

Essa é a primeira mudança na composição do primeiro escalão do governo. Nos últimos meses, criou-se em Brasília expectativa de uma reforma ministerial nos primeiros meses do ano. O processo ainda deve incluir substituição de ministros e talvez extinção de algumas pastas.

A ministra-chefe da Secretaria de Políticas para Mulheres, Iriny Lopes (PT), também deve deixar seu cargo por causa da eleição. Quer disputar a Prefeitura de Vitória, capital do Espírito Santo.

Podem perder o cargo ministros acusados de irregularidades. É o caso de Mário Negromonte (Cidades, filiado ao PP), Fernando Pimentel (Indústria e Comércio exterior, do PT) e Fernando Bezerra (Integração Nacional, do PSB).

Com situação indefinida em eventual mudança no primeiro escalão estão os ministros Paulo Passos (Transportes, filiado ao PR) e Paulo Roberto dos Santos (Trabalho, do PDT). Ambos assumiram as pastas após a demissão dos antecessores, Alfredo Nascimento (PR) e Carlos Lupi (PDT), respectivamente.

Já o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro (PMDB), tem enfrentado problemas de saúde e por isso pode deixar o governo. Guido Mantega (PT) pode sair da Fazenda para dedicar mais tempo ao tratamento de sua mulher contra o câncer.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence (PT), é incluído na lista de possíveis baixas porque, nos bastidores, integrantes do governo comentam que Dilma tem má avaliação da gestão de Florence. Já a ministra da Cultura, Ana de Holanda, enfrenta críticas de setores do PT e da classe artística e também pode sair de sua pasta.

Extinção de pastas

Até agora o governo não confirmou planos de diminuir o número de ministérios –são 38 atualmente. Mas entre possíveis cenários, o Ministério da Pesca e Aquicultura pode ser absorvido pelo da Agricultura. Nesse caso o atual ministro da Pesca, Luiz Sérgio (PT), deve perder o cargo.

O ministro do Trabalho, Paulo Roberto (PDT), já em situação incerta, teria sua permanência no cargo dificultada se a pasta fosse unida à da Previdência Social, atualmente dirigida por Garibaldi Alves (PMDB).

As ministras petistas Luiza Bairros (Igualdade Racial) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) também teriam o cargo ameaçado se suas pastas se transformassem em apenas uma, absorvendo também a de Políticas para as Mulheres.

Perfis

Natural de Cachoeira do Sul (RS), Marco Antônio Raupp, 73, tornou-se presidente da Agência Espacial Brasileira em março de 2011. Raupp não é filiado a partido político.

Formado em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), tem PhD em matemática pela Universidade de Chicago e livre-docência pela USP. Já presidiu a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Por sua atuação como cientista já recebeu a Ordem do Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores, e a Grão-Cruz, do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Quando começaram as especulações sobre a saída de Mercadante do Ministério da Ciência e Tecnologia, Raupp foi cogitado como uma opção técnica para assumir a pasta. Outros nomes chegaram a ser mencionados entre os possíveis novos ministros, como a senadora Marta Suplicy (PT-SP), ex-prefeita de São Paulo, e o deputado federal Newton Lima (PT-SP), ex-prefeito de São Carlos.

Aloizio Mercadante Oliva, filiado ao PT, ocupa o cargo de ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação desde o início do governo de Dilma Rousseff, em 1º de janeiro de 2011. Assumiu a pasta após perder, pela segunda vez, uma eleição para o governo de São Paulo.

Mercadante foi candidato a vice-presidente da República na chapa de Lula em 1994. Teve dois mandatos de deputado federal pelo PT de São Paulo, de 1991 a 1995 e de 1999 a 2003. Em 2003 assumiu uma vaga de senador, para a qual foi eleito na votação de 2002.

No Senado, Mercadante foi líder do governo Lula e do PT. Passou por constrangimento durante o auge do escândalo dos atos secretos na Casa. Ele havia dito que renunciaria à liderança do PT por discordar do apoio que o partido deu à época ao então presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), acusado de irregularidades. A pedido de Lula, manteve-se no cargo.

Mercadante é professor licenciado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e na Universidade de Campinas (Unicamp).