Janot acusa Lula de ter 'papel central' na tentativa de obstruir Lava Jato, diz TV
Na denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentada ao Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma que o petista "impediu e/ou embaraçou investigação criminal que envolve organização criminosa, ocupando papel central" na trama para tentar barrar a Operação Lava Jato e a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. A informação foi divulgada pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, nesta quarta-feira (18).
Em nota, o Instituto Lula declarou que o ex-presidente "jamais" tentou interferir na conduta de Cerveró ou em qualquer outro assunto relacionado à Lava Jato.
A Procuradoria Geral da República (PGR) partiu das delações do senador cassado Delcidio do Amaral (sem partido-MS) e de seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, para buscar provas materiais, como extratos bancários, telefônicos, passagens aéreas e diárias de hotéis.
A conclusão da procuradoria, segundo a reportagem, é que o ex-senador e seu chefe de gabinete se juntaram a Lula, a José Carlos Bumlai (pecuarista e amigo do ex-presidente preso pela operação), e ao filho de Bumlai, Mauricio Bumlai, e atuaram para comprar por R$ 250 mil o silêncio de Nestor Cerveró.
A denúncia obtida pela Globo cita repasses de dinheiro, encontros, telefonemas e troca de e-mails entre os envolvidos na tentativa de conseguir o silêncio do ex-diretor da Petrobras. Além desse material, a PGR se apoiou na delação premiada de Delcídio, que declarou que Lula expressou grande preocupação de que José Carlos Bumlai pudesse ser preso por causa de delações na Lava Jato e que o pecuarista precisava ser ajudado.
A procuradoria conclui, segundo a reportagem, que Lula “impediu e/ou embaraçou investigação criminal que envolve organização criminosa, ocupando papel central, determinando e dirigindo a atividade criminosa praticada por Delcídio do Amaral, André Santos Esteves, Edson de Siqueira Ribeiro, Diogo Ferreira Rodrigues, José Carlos Bumlai” e pede a condenação dos denunciados por obstrução da Justiça.
Outro lado
Por meio de nota ao "Jornal Nacional", o Instituto Lula declarou que o ex-presidente Lula já esclareceu em depoimento à PGR que jamais conversou com o ex-senador Delcídio do Amaral com o objetivo de interferir na conduta do condenado Nestor Cerveró ou em qualquer outro assunto relativo à Lava Jato.
A defesa de José Carlos Bumlai negou as acusações e afirmou que ele nunca pagou qualquer valor a Cerveró. A defesa declarou que o ex-senador Delcídio do Amaral está vendendo informações falsas em troca de sua liberdade. Os advogados de Maurício Bumlai informaram que só comentarão o caso depois de terem acesso à denúncia inteira.
A defesa de Diogo Ferreira confirmou os pagamentos, mas disse que foram feitos a mando do ex-senador Delcídio do Amaral. O advogado de Edson Ribeiro disse que seu cliente nem sequer conhece Lula e Bumlai e voltou a afirmar que Ribeiro jamais participou de qualquer ato de obstrução à Justiça.
A defesa de André Esteves declarou que seu cliente não cometeu nenhuma irregularidade. O jornal da TV Globo informou que não obteve resposta dos advogados de Delcídio do Amaral.
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