Topo

Fapesp suspende verba para projeto sobre ecstasy

De São Paulo

18/06/2007 23h58

A Fapesp, órgão do governo de São Paulo de financiamento de estudos científicos, suspendeu hoje a liberação de verbas para o projeto de uma pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) que incluía a distribuição de folhetos a consumidores de ecstasy, uma droga ilegal. Esses folhetos dão dicas de como reduzir os riscos do consumo da droga - uma delas é tomar metade da dose, esperar os efeitos e só depois decidir se toma ou não a outra metade. A Fapesp decidirá se libera ou não as verbas após investigar "as graves denúncias veiculadas pela imprensa".

O trabalho em questão utiliza uma estratégia da saúde pública que tenta reduzir os danos à saúde decorrentes de práticas de risco, como o uso de drogas. Já que sempre haverá pessoas adotando essas práticas, mesmo que ilegais, a idéia é que os males sejam pelo menos minimizados. É a chamada redução de danos. Sua forma mais conhecida é a distribuição de seringas descartáveis entre usuários de drogas injetáveis, como forma de impedir a disseminação de doenças como a Aids e a hepatite C.

Essa abordagem é polêmica. Existem pessoas que vêem nela um incentivo a práticas de risco e ilegais. Nas últimas semanas, duas iniciativas semelhantes à da USP ganharam os noticiários após terem sido contestadas - uma envolvendo drogas e outra, o aborto. "Isso é um equívoco. A redução de danos não é uma apologia ao uso de drogas", afirma a psicóloga Stella Pereira de Almeida, a responsável pelo programa que distribuiu em boates os folhetos sobre o ecstasy. Ela faz uma comparação com a distribuição de preservativos anos atrás: "Antigamente, acreditava-se que a distribuição de camisinhas incentivaria a promiscuidade. Não foi isso o que aconteceu."