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Notificação de casos de dengue no Rio será on-line

Fabiana Cimieri<br>Do Rio

28/03/2008 20h16

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou hoje que a notificação dos casos de dengue da rede particular será feita diretamente ao Estado de forma online e simplificada. A medida passa por cima das atribuições municipais, uma vez que, atualmente, a comunicação é feita pelos hospitais às prefeituras, que repassam os dados consolidados ao Estado. O prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), que nega que a situação seja epidêmica, respondeu por e-mail que a medida é "excepcional, até porque a concentração de óbitos nas unidades privadas é muito grande." A epidemia de dengue no Rio atinge, principalmente, a capital, que tem 31.288 casos confirmados.

O secretário municipal de Saúde, Jacob Kligerman, que faz parte do gabinete de crise montado para combater a epidemia, não tem participado das reuniões. Ontem, ele alegou que estava doando sangue e hoje disse que não poderia ir e enviaria um representante, que também faltou. "Foi consenso de que temos de fazer um esforço para aumentar a notificação dos casos. Muitos não estão sendo notificados. Isso tem um impacto importante para que a gente tenha uma dimensão clara do problema e pode estar mascarando o real grau da letalidade da doença", justificou Temporão.

"A idéia é agilizar para garantir a qualidade da informação", disse o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, para quem não haverá problemas de divergência de números do município e do Estado. As duas autoridades reuniram-se hoje com representantes de planos de saúde e hospitais particulares. O objetivo do encontro, segundo Temporão, foi estreitar a relação com a rede privada, já que no município do Rio, 45% da população possuem algum tipo de assistência médica particular.

A notificação online ao estado começará a ser feita a partir deste sábado, informou Côrtes. Os hospitais particulares também irão adotar o Cartão Dengue, instituído pelo ministério na rede pública para concentrar num mesmo documento todas as informações sobre o tratamento da doença no paciente. Como um dos maiores problemas enfrentados pelo município é a falta de leitos para atender a tantos casos graves que necessitam de internação, o setor privado irá disponibilizar, a partir de semana que vem, 210 leitos ociosos para pacientes com dengue, através de convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS). Serão 80 vagas no Hospital Nossa Senhora de Realengo, na zona norte, 80 no Hospital de Petrópolis, na Região Serrana, e 50 em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Hidratação

O ministro também recomendou aos representantes de hospitais particulares que ofereçam mais pontos de hidratação, da mesma forma que vem sendo feito pelo Estado, que montou cinco tendas para dar soro aos pacientes confirmados e sob suspeita de dengue. Outra medida anunciada por Temporão foi a inclusão de dois representantes da rede privada no gabinete de crise, o diretor da Federação Nacional de Operadoras de Saúde (Fenasaúde), Heráclito Brito, e o presidente da Confederação Nacional de Saúde, José Carlos Abrahão.

Segundo eles, os pontos de hidratação serão montados em laboratórios e áreas ociosas de cada clínica ou hospital, mas atenderão apenas a clientes particulares. A Secretaria Estadual de Saúde anunciou ontem a criação de uma comissão de óbitos, que irá analisar todas as mortes por dengue sob o ponto de vista do atendimento. "Queremos saber porque aquelas pessoas morreram, se era inevitável ou se houve falha do Estado", explicou Côrtes.