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Pela primeira vez, vacina contra ebola dá resultados positivos

31/07/2015 19h42

Genebra - Pela primeira vez, uma vacina dá resultados concretos com o vírus do ebola, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) declara que, se confirmado os primeiros exames, o combate contra a doença pode sofrer uma "revolução".

Nesta sexta-feira, 31, a entidade publicou as conclusões do teste realizado com a vacina VSV-EBO, da empresa Merck, Sharp & Dohme, e indicou que o produto é "altamente eficiente contra o ebola". A recomendação é para que os testes agora continuem para permitir que, ainda neste ano, a vacina possa já ser colocada no mercado.

O ebola infectou mais de 27 mil pessoas e matou 11 mil no oeste da África. A OMS foi denunciada por sua má gestão da crise, e as economias dos países afetados foram duramente afetadas.

Conhecido há mais de 40 anos, o vírus jamais atraiu a atenção das grandes empresas farmacêuticas do mundo para a produção de uma vacina. Governos africanos e famílias de vítimas acusaram o setor privado de apenas produzir quando existia a perspectiva de lucro, o que não seria o caso com a doença no interior da África.

Agora, porém, a vacina poderia significar uma mudança radical no tratamento e na prevenção, que já custaram mais de US$ 1 bilhão.
"Essa é uma notícia extremamente importante", declarou na manhã desta sexta-feira a diretora da OMS, Margaret Chan, criticada pela forma em que sua entidade tentou abafar a crise no início do ano de 2014. "Isso pode mudar todo o jogo do combate à doença no futuro", comemorou.

Os testes ocorreram na Guiné, com mais de 4 mil pessoas. Segundo os resultados, a vacina teria registrado uma eficiência de 100%. Agora, ela terá de ser testada em um volume maior de pessoas. "Esse é um presente da Guiné para o mundo", disse o coordenador do país africano para o combate à doença, Sakoba Keita.

O diretor do Instituto Norueguês de Saúde Pública, John-Arne Røttingen, que lidera o teste, explicou que a estratégia foi a de vacinar pessoas que tivessem contato com pacientes e, assim, um anel de proteção poderia começar a ser formado na sociedade.
Isso incluiu familiares de pessoas com ebola, vizinhos, companheiros de trabalho e médicos.

Enquanto isso, a entidade Médicos Sem Fronteiras usou a mesma vacina para realizar testes com enfermeiras e médicos atuando na "linha de frente" do combate à doença. "Essas pessoas colocaram suas vidas em jogo para proteger os demais", disse Bertrand Draguez, representante da ONG.

"Com tal taxa de eficiência, todos os países afetados devem imediatamente começar e multiplicar os anéis de vacinação para quebrar as cadeias de transmissão", defendeu.

Para os grupos que financiaram o projeto, a novidade também é um impulso para mais recursos. "Isso deve mudar como o mundo responde quando um surto infeccioso ameaça a humanidade", disse o diretor do Wellcome Trust - uma das entidades que financiou o processo -, Jeremy Farrar.

Jamil Chade, correspondente