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"Lugar bom para morar é onde não tem trânsito", diz Klever Kolberg

Kolberg diz que sua ida para Campinas foi algo planejado e que seu conselho é este: planeje sua vida - Ricardo Lima/UOL
Kolberg diz que sua ida para Campinas foi algo planejado e que seu conselho é este: planeje sua vida Imagem: Ricardo Lima/UOL

Cármen Guaresemin

Do UOL, em São Paulo

18/08/2012 07h00

Morar em um condomínio rodeado de área verde em Campinas (SP) foi a melhor opção encontrada pelo piloto do rali Paris-Dakar Klever Kolberg quando pensou em conciliar carreira e qualidade de vida.

Dentro desta busca por paz de espírito e bem-estar, escolheu uma cidade do interior, mas que fica próxima à capital, para se locomover com facilidade quando precisa tratar dos negócios.

Isso sem contar que está mais perto dos filhos de seu primeiro casamento, que moram em outra cidade interiorana: São Carlos.

“Lugar bom para se morar é onde não há trânsito, filas, estresse. Onde posso fazer as coisas andando a pé”, conta ele, que saiu de São Paulo, cidade onde as pessoas, em sua opinião, são muito gananciosas, no sentido de só pensar em trabalho.

“Aqui em Campinas estou no meio do mato, onde ouço o som de passarinhos. É um lugar que não atrapalha o lado profissional e me dá uma qualidade de vida maior que na capital”.

Cuidar do corpo

Os esportes entraram na vida de Kolberg bem cedo. Desde os oito anos já lutava judô, passou a fazer surf e vôlei. Ele quase se tornou um profissional das quadras - seu 1,90 m ajudava -, mas abandonou a bola na época da faculdade.

Agora, para manter sua saúde e equilíbrio, voltou a praticar atividades físicas. Joga tênis, nada, surfa quando consegue, faz ginástica e gosta de acordar cedo.

“Houve uma época que pratiquei ioga. Era muito bom. Optei por isso porque viajava muito e precisava de uma atividade que pudesse fazer num hotel, sozinho, como se levasse a academia comigo. E a ioga se mostrou ideal”, conta.

Lógica versus emoção
 

  • Durante uma das edições do Paris-Dakar

Kolberg participou de 23 edições do Paris-Dakar, quase sempre ao lado do amigo André Azevedo.  Hoje, aos 50 anos, ele dá em média 70 palestras por ano, falando de sua experiência e dividindo um pouco do conhecimento adquirido.

O que poucos sabem é que o piloto se formou em engenharia e tinha uma empresa de microfilmagem quando resolveu dar uma guinada na vida e levar a sério sua paixão pelas corridas.

“Depois da primeira vez no Paris-Dakar, quando não conseguimos nem completar a corrida, eu disse que não iria mais. Porém, voltei por mais de vinte anos”, confessa, rindo.

Ao chegar a Paris, ele dizia sempre que o próximo passo seria Marte. “Na verdade, tudo foi muito prazeroso, mas sofrido”, acrescentando que quando jovem, teve de optar entre ser jogador de vôlei ou estudar engenharia e que preferiu ser lógico.

“Não sei se foi o correto. Mas quando começamos a fazer o rali todos os anos, preferi ser emocional e fazer o que era apaixonante para mim”, comenta. Foi quando deixou seu negócio e começou a ter participação em outras empresas, além de transformar o rali em produtos, inclusive palestras.

Mudanças e desafios

Quando lhe pedem alguma dica de como viver melhor, ele é rápido na resposta: “Planeje! Não adianta sonhar. A pessoa diz ‘eu gostaria’, mas não planeja aquilo. Coloque no papel, daí, já vai conhecendo as dificuldades. Pesquise. Para vir para Campinas, por exemplo, planejei, não foi de uma hora para outra”.

Kolberg diz que, apesar de planejar sua vida, há algo que o move: o desafio. “Sempre me motivou, a maioria das pessoas foge, mas eu aproveito a oportunidade.” Porém, ele sabe que é sempre bom ter companhia.

“Você tem de ter as pessoas certas ao seu lado. E todos querem os melhores. Eu quero ‘os feras’. Eles são duros de roer, adoram desafios. E não é por causa do dinheiro, mas pela sensação de vencer. Quem ganha uma medalha numa olimpíada, por exemplo, pode melhorar financeiramente, mas o que conta mais é o orgulho de ter alcançado o objetivo”.

Ele conta que aprendeu que a mudança acontece por dois motivos: crise ou sonho, que prefere chamar de ambição.

“Guerras, desastres naturais, perda de emprego ou separação são crises. Já a ambição te faz querer e ir atrás. Não precisa levar um susto na vida. Melhor que a mudança seja por ambição que por crise. Nem que sua ambição ou seu desafio seja emagrecer, o que nunca é fácil” – finaliza.

  • Ricardo Lima/UOL

    Morar em Campinas permitiu ao piloto ganhar qualidade de vida sem se afastar muito da capital