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Ex-moça do tempo, Rosana Jatobá agora prioriza a sustentabilidade e o contato com a natureza

"Eu gostaria de resgatar o contato maior com a natureza, refazer a ponte com o que nós perdemos" - Fernando Donasci/UOL
"Eu gostaria de resgatar o contato maior com a natureza, refazer a ponte com o que nós perdemos" Imagem: Fernando Donasci/UOL

Cármen Guaresemin

Do UOL, em São Paulo

01/11/2012 07h00Atualizada em 02/11/2012 10h48

Ela foi, durante anos, a moça do tempo da TV Globo. Agora, Rosana Jatobá está enveredando pela sustentabilidade. Após criar um blog de sucesso, foi convidada a ter um programa na Rádio Globo e irá lançar um livro ainda este ano que une 50 crônicas que escreveu sobre o tema. “Não sou xiita nem ecochata, pois sei que não é uma panaceia, a solução de tudo, mas estamos no caminho”, diz a jornalista.

Rosana investe em muita ioga e meditação para cuidar do corpo e da alma. Ela chegou a ir para uma pequena cidade ao sul da Índia, no Estado de Kerala, no começo deste ano, onde ficou dez dias imersa, meditando. Seu mantra é individual e prescrito. Ela confessa que fez a viagem para buscar coragem: “Eu queria mudar profissionalmente. Tinha dúvidas, mas também tinha aquela necessidade de crescer”, diz, referindo-se à sua saída da emissora carioca.

Além disso, ela admite que, após a maternidade, seu senso de urgência em procurar sentido no trabalho aumentou muito: “Posso dizer que comecei a trilhar o caminho que quero e ter a certeza do que busco para mim. Minha ida à Índia foi um divisor de águas para entender o ritual espiritual da vida. A ioga é o lado físico; a meditação, a conexão espiritual; e o contato com a natureza é o andar descalço, o priorizar o momento e a família”.
    
Meditação ela encara como "não pensar", algo muito difícil de ser alcançado: “A mente trabalha incessantemente, impedindo que se relaxe e se conecte com seu ser, sem pensar no que houve ou irá acontecer”. Ela confessa que nem sempre consegue dedicar 30 minutos do dia à prática: “Tem vezes que só consigo fazer por 15 minutos. Para mim, meditar é limpar as prateleiras da mente.”

Ganhos físicos e mentais

Já a ioga ela pratica com um instrutor há cinco anos, duas a três vezes por semana, no estilo ashtanga: “Ela me acalma, trabalho a respiração, a elasticidade, a flexibilidade e a tonicidade. São ganhos físicos e mentais” – resume.

Além disso, também faz musculação e outras atividades físicas. Sua alimentação é balanceada e ela cortou a carne vermelha de sua dieta há quatro anos: “Minha meta é ser vegetariana, não só por uma questão ambiental, mas porque o corpo fica melhor, a pele...Só vejo vantagens”.
    
Como Jatobá defende a sustentabilidade, procura dar exemplos de como fazer coleta seletiva de lixo, encaminhar para um posto de coleta e investir na alimentação orgânica: “Hoje a demanda não é alta, mas a tendência é que os preços caiam e se tornem mais atraentes para os empresários”.

Preocupada também com o uso de agrotóxicos e com a intenção de resgatar um pouco da simplicidade do interior, ela mantém uma horta de ervas e hortaliças em seu quintal: “A ideia foi minha, meu jardineiro a criou, mas eu que cuido dela todos os dias”.

Mais natureza, menos compras

Ela, que é baiana e vive na capital paulista há 13 anos, é muito crítica quando fala sobre o consumismo. “As pessoas aqui em São Paulo chamam o shopping center de praia. Acho equivocado isso. Se vão para lá, acabam consumindo, mesmo sem precisar. Há tantos parques na cidade...Agora tem ciclovia na avenida Paulista; fui pedalar lá com meu marido e adoramos. São passeios gratuitos que as pessoas poderiam fazer. É preciso mais contato com a natureza e a cultura, e menos compras”, enfatiza.  

Até o final deste ano, ela terá outro programa na rádio, com direito a plateia, onde levará famosos para contar como praticam a sustentabilidade. “Gostaria de resgatar o contato maior com a natureza, refazer a ponte com o que perdemos. Estamos num ritmo dissociado. As pessoas estão sedentas por informações. Quero traduzir a sustentabilidade para um público que não a conhece, mas que está ávido por isso”.

Ela conta que gosta mesmo de investir no autoconhecimento e, para comprovar que tem tudo a ver com sua proposta sustentável, faz um trocadilho com seu sobrenome: “Torna-te quem tu és: sou um jatobá, a árvore faxineira do ar, que sequestra o carbono”.