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Betacaroteno pode proteger pessoas com predisposição genética ao diabetes, ao contrário da vitamina E

O betacaroteno é um precursor da vitamina A que está presente em alimentos como a cenoura - Flavio Florido/Folhapress
O betacaroteno é um precursor da vitamina A que está presente em alimentos como a cenoura Imagem: Flavio Florido/Folhapress

Do UOL

Em São Paulo

22/01/2013 19h38

Pesquisadores da escola de medicina da Universidade de Stanford, nos EUA, descobriram que o betacaroteno pode proteger indivíduos com predisposição genética ao diabetes tipo 2. Por outro lado, o gama tocoferol, um tipo de vitamina E, pode aumentar o risco da doença nessas pessoas.

O betacaroteno é um precursor da vitamina A que está presente em alimentos como a cenoura. Já o gama tocoferol é um tipo de vitamina E relativamente abundante em gorduras vegetais como o óleo de soja e a margarina.

“O diabetes tipo 2 afeta cerca de 15% da população mundial e a proporção está aumentando”, comenta Atul Butte, professor associado da universidade que participou do estudo. Ela acrescenta que cerca de um terço de todas as crianças nascidas nos EUA desde 2000 vão desenvolver a doença em alguma fase da vida.

Segundo o estudo, publicado no periódico Human Genetics, tanto o betacaroteno quanto o gama tocoferol (um tipo de vitamina E) interagem com uma proteína codificada pelo gene SLC30A4. Abundante em células que produzem insulina no pâncreas, essa proteína auxilia no transporte de zinco, provocando a liberação de insulina, hormônio responsável por metabolizar o açúcar no sangue.

BETACAROTENO TAMBÉM
FAZ BEM PARA A PELE

Alimentos como cenoura, pimentão, abóbora, mamão, manga e os vegetais folhosos de cor verde-escura são ricos em betacaroteno, um potente antioxidante que auxilia na proteção das células do organismo contra a ação de radicais livres e ajuda a prevenir o envelhecimento precoce da pele. “Quando o betacaroteno se transforma em vitamina A no organismo, colabora para aumentar a elasticidade da pele e auxiliar na formação de melanina, responsável pela cor da pele, mas também ajuda a reforçar o sistema imunológico”, explica a nutricionista Maysa Toloni, doutoranda da Nutrologia da Unifesp.

Os genomas de até 60% dos americanos carregam duas cópias de uma variação no gene SLC30A4. Assim como várias outras variações genéticas associadas ao diabetes, é preciso que haja uma interação com fatores ambientais para que o risco de ter a doença se confirme.

Há alguns anos, Butte e outros pesquisadores começaram a utilizar um banco de dados nacional que inclui os genomas de centenas de indivíduos e também a exposição a variadas substâncias, como vitaminas e poluentes.

Para quem carrega duas cópias da variação no gene SLC30A4, altos níveis de betacaroteno foram associados a níveis mais baixos de glicose (açúcar) no sangue. E o nível elevado de gama tocoferol foi ligado ao risco aumentado de diabetes.

A equipe de Butte agora pretende realizar estudos em ratos para entender melhor como essas substâncias interferem no risco da doença.

“Nós não podemos dizer, com base apenas no presente estudo, que a vitamina E faz mal”, ressalta Chirag Patel, principal autor do trabalho.

Ele também esclarece que o alfa tocoferol, outra forma de vitamina E que faz parte de vários suplementos, não gerou risco aumentado de diabetes.

De qualquer forma, o estudo sugere que comer algumas cenouras a mais não fará mal a quem quer evitar o diabetes.