Mais de 8.000 dos 18 mil inscritos no Mais Médicos têm registro irregular

Um total de 18.456 médicos se inscreveram no programa Mais Médicos, de acordo com o balanço final divulgado nesta sexta-feira (26). Do total,  1.920 deles são estrangeiros ou têm registros profissionais em outros países (um total de 61). Espanha, Argentina e Portugal foram os países com maior número de inscritos.

O ministério disse, no entanto, que 8.307 profissionais apresentaram inconsistências nos seus registros (CRMs), o que equivale a mais de 45% do total de inscritos.  Além disso, 1.270 profissionais recebem bolsas de residência médica - eles terão que abandoná-las caso queiram entrar no Mais Médicos.

Ao todo, 15.327 inscritos ainda precisam finalizar o cadastro ou anexar documentos. Caso isso não seja feito até domingo (28) à meia-noite, esses profissionais poderão completar o processo nas novas chamadas previstas para os próximos meses. O programa irá pagar R$ 10 mil por mês.

Sabotagem

Durante coletiva à imprensa para divulgar o balanço, o ministro da Saúde Alexandre Padilha não quis relacionar esse número alto de profissionais com inconsistências nas inscrições a um possível boicote ao programa. 

"Temos que esperar até domingo para ver que médicos realmente têm interesse em atender", afirmou o ministro.

Durante o processo de inscrições, a PF (Polícia Federal)  foi acionada e abriu inquérito para investigar uma suposta sabotagem de profissionais inscritos no programa.

Segundo informações do Ministério da Saúde, profissionais estariam realizando inscrições com intuito de desistir em seguida e dificultar a execução do programa.

Municípios

Um total de 3.511 municípios foram inscritos no programa.  O número representa cerca de 63% das cidades brasileiras, com maior concentração na Região Nordeste. O prazo para inscrições, nessa primeira fase, terminou à meia-noite desta quinta e uma nova chamada será feita no dia 15 de agosto. 

Desde as 8 horas desta sexta-feira, os médicos com registro no país já têm acesso aos municípios inscritos e podem fazer a opção pelo site. Eles têm até domingo à meia-noite para escolher onde querem trabalhar. Já para os estrangeiros, o prazo vai até 8 de agosto, já que a prioridade é para brasileiros.

Cubanos

Padilha informou que houve inscrições relativas a profissionais com registros médicos de Cuba, mas ele não soube, durante a coletiva, informar o número.

Em relação ao acordo anunciado pelo ministro Antonio Patriota para trazer 6.000 médicos cubanos ao país, o ministro disse apenas que eventuais parcerias coletivas com outros países ou universidades estrangeiras só serão concluídas após a fase de inscrições individuais, iniciada este mês.

Lançado por medida provisória, o Programa Mais Médicos tem como meta levar médicos para atuar durante três anos na atenção básica à saúde em regiões carentes do Brasil. O Mais Médicos também prevê a possibilidade de contratar profissionais estrangeiros para trabalhar nessas regiões carentes sem revalidação do diploma. A ampliação do número de vagas em cursos de medicina e da residência médica também faz parte dos objetivos do programa.

Entidades como o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Fenam (Federação Nacional dos Médicos) já entraram na Justiça contra o programa. Elas alegam que o plano causará danos à população brasileira com o atendimento inadequado feito por estudantes e médicos formados no exterior sem capacidade comprovada.