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Umidificadores podem multiplicar os ácaros da casa, diz Dr. Bactéria

O umidificador não é o grande vilão, mas a umidade que pode existir dentro dos quartos, aliada à poeira  - Thinkstock
O umidificador não é o grande vilão, mas a umidade que pode existir dentro dos quartos, aliada à poeira Imagem: Thinkstock

Cármen Guaresemin

Do UOL, em São Paulo

31/07/2013 07h00

O tempo seco, seja no inverno como no verão, costuma fazer com que as pessoas apelem para dicas caseiras como deixar toalhas molhadas ou baldes d’água nos quartos, por exemplo. Ou, ainda, investir num umidificador para melhorar o ar do ambiente. Mas o utensílio deve ser usado com parcimônia, segundo especialista.

“O umidificador, na realidade, não é o grande vilão, mas sim a umidade que pode existir dentro dos quartos, aliada à poeira doméstica (que é formada por 80% de restos de pele humana, além de pelos de animais, pólen etc). Umidade acima de 60% a 70% serve como alimento para ácaros”, diz Dr. Bactéria, pseudônimo do biomédico Roberto Martins Figueiredo.

Ele explica que, ao se reproduzirem, os ácaros chegam a números elevados. Seus pellets (partículas microscópicas de fezes) são jogados para o ar e vão parar em travesseiros e colchões, por exemplo. Isso pode causar processos alérgicos, com rinite e asma.

“Quando se fala de ambiente seco, estamos falando, principalmente, da parte externa da casa. Dentro dela, com janelas fechadas, após uma noite, podemos encontrar percentuais de umidade acima de 60% pela manhã, mesmo se lá fora houver umidade inferior a 40%”, conta.

Higrômetro

Dr. Bactéria ainda ensina que umidificadores, toalhas molhadas e bacias com água somente poderiam ser utilizados se as pessoas tivessem um aparelho chamado higrômetro (instrumento que serve para medir a umidade presente nos gases, mais especificamente na atmosfera) para medir o percentual de umidade ambiental e nunca permitissem que este chegasse a valores superiores a 60%.

“Este aparelho não é utensílio comum nos lares brasileiros. Por isso é melhor evitar qualquer coisa que aumente descontroladamente a umidade ambiental”, frisa.

Ele brinca dizendo que antigamente nossas avós falavam para deixar a janela do quarto bem aberta, para que ventilasse e, assim, atraísse mais saúde. “Elas estavam certas. A ventilação seca o ambiente. O problema é que, hoje, fechamos tudo e colocamos umidificadores, toalhas molhadas ou outros mecanismos que podem tornar o clima propício para o crescimento de ácaros”.

Como substituir?

Se umidificadores, toalhas e bacias não ajudam, o que fazer? Dr. Bactéria ensina que o ideal é tomar água e fornecê-la para crianças e idosos, pois as pessoas não bebem água como deveriam, mas apenas quando estão com sede.

“A sede é uma tentativa desesperada do organismo, pedindo para repor água. Uma maneira para determinar a ingestão diária recomendada de água seria dividir o peso da pessoa em quilogramas por 30 (por exemplo, uma pessoa de 70 kg vai precisar de 2,3 litros de água por dia)”, encerra.

Avaliar com cuidado

A pediatra Ana Paula Moschioni Castro, especialista em alergia e imunologia clínica e diretora da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia), diz que é preciso avaliar o uso do umidificador com cuidado.

“Ele pode ser útil em espaços muito secos, especialmente se ficar ligado em um ambiente fechado e não soltar grande quantidade de vapor. Isso porque os vaporizadores podem umedecer a região, as cortinas e as paredes e facilitar, sim, a proliferação de fungos”, diz.

Ela frisa que são dois conceitos diferentes: o umidificador controla a umidade do ar em ambientes fechados conforme a área estabelecida pelo aparelho, mas o problema é quando ocorre grande liberação de vapor. “O indicado é manter a área fechada enquanto o umidificador estiver ligado”, ensina.

Castro também dá algumas dicas: “a hidratação das vias aéreas com soluções fisiológicas ajuda bastante; ingerir líquido e manter o local adequadamente arejado também”, finaliza.