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Mulher que chegou a 24 kg por causa de anorexia é transferida ao HC-SP

Aline Costa fez questão de levar a almofada com palavras de apoio que recebeu da filha, de 12 anos - Wagner Carvalho/UOL
Aline Costa fez questão de levar a almofada com palavras de apoio que recebeu da filha, de 12 anos Imagem: Wagner Carvalho/UOL

Wagner Carvalho

Do UOL, em Bauru

25/10/2013 15h48Atualizada em 25/10/2013 17h04

Uma moradora de Bauru (SP) que chegou a pesar 24 kg por sofrer de anorexia foi transferida nesta sexta-feira (25) para o Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo. A vaga foi conseguida após a família ter divulgado o caso à imprensa com um pedido de ajuda. Ela estava internada na Santa Casa de Piratininga, cidade vizinha à Bauru.

O caso de Aline Costa, 34 anos, apresentado em reportagem do UOL, foi levado ao programa Mais Você, da apresentadora Ana Maria Braga. Na ocasião, a apresentadora convidou o psiquiatra Fábio Salzano, do HC-SP, para falar sobre os riscos da anorexia. Jaqueline Passionato, prima de Aline, decidiu procurá-lo.

CONHEÇA OS SINAIS DA ANOREXIA

Para ser diagnosticada com anorexia, uma pessoa deve:
- Ter medo enorme de ganhar peso ou ficar gorda, mesmo quando estiver abaixo do peso normal
- Recusar-se a manter o peso no que é considerado normal ou aceitável para sua idade e altura (15% ou mais abaixo do peso normal)
- Ter uma imagem corporal muito distorcida, ser muito focada no peso ou na forma corporal e se recusar a admitir a gravidade da perda de peso
- Não ter menstruado por três ou mais ciclos (em mulheres)

“Liguei para a secretária do doutor Fábio Salzano e, após contar a situação da Aline e eles reconhecerem a gravidade do caso, os trâmites para a internação dela foram acelerados e uma vaga surgiu para ela no HC”, conta Passionato. O hospital possui um setor de internação especializado no atendimento de transtornos alimentares como a anorexia.

A mãe de Aline, Terezinha Costa, viajou com a filha na madrugada desta sexta-feira e falou no início da tarde com a reportagem do UOL: “Ela ficará até terça-feira sendo assistida por profissionais residentes e pela equipe do HC, já que os médicos estão todos em um congresso e retornam somente na terça”.

Aline passou por uma avaliação detalhada para conseguir o tratamento. “Nada sobre os resultados dos exames foi revelado para Aline, nem mesmo para a família. Para uma pessoa com esse tipo de distúrbio, saber que ela está ganhando peso pode atrapalhar na evolução do tratamento”, conta a prima.

Feliz por conseguir o tratamento, a mãe de Aline agora terá que se organizar à nova rotina, já que não é possível ficar no hospital como acompanhante da filha. “Vou precisar viajar sempre de Bauru até são Paulo - fui avisada aqui que haverá diversas reuniões dos médicos com a família. O problema está em conseguir um emprego que permita tantas ausências”, explica.

Terezinha deixou o trabalho em Teresópolis (RJ) para cuidar da filha em Bauru, mas as economias já estão no fim. “Apesar de todos os problemas, estou muito feliz. Conseguimos nessa união de forças o tratamento de que a Aline precisava, e isso é tudo o que eu pedi”, afirma.

A mãe exaltou o trabalho da psiquiatra Vanessa Gimenes, que foi quem conseguiu a vaga para Aline na Santa Casa de Piratininga. “Sem esse primeiro tratamento, minha filha já poderia estar morta”, reconhece. A mãe agradeceu ainda o atendimento recebido no local. “Minha filha eu fizemos grandes amigos lá, só temos a agradecer”, completa.

Recaída

Há cerca de um ano, Aline sofreu uma recaída da anorexia, doença que quase a levou à morte quando adolescente. Na época, com 13 anos,  a jovem com excesso de peso era vítima de bullying e deixara de se alimentar porque era tratada com desprezo pelas colegas de colégio.

A recaída, já na idade adulta, ocorreu logo depois de Aline perder o emprego. Ela passou a se alimentar somente com água e isotônico e chegou a pesar 24 kg, quando o ideal para uma mulher de sua idade e com altura de 1,56 m é 54 kg.

Quem buscou ajuda para Aline foi sua filha, de apenas 12 anos. Em Bauru, a jovem teve o tratamento negado em diversas instituições, mas, após ver fotos da jovem, a psiquiatra conseguiu uma vaga na Santa Casa e, ainda, a ajuda voluntária de uma psicóloga e de uma nutricionista.

No início do tratamento o Índice de Massa Corporal (IMC) dela era de 11, quando o mínimo recomendável é de 18,5. Pela última medição a que a família teve acesso, Aline estava com 35 kg.