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Vacina da dengue testada em humanos tem eficiência de 56%, diz estudo

Camila Neumam

Do UOL, em São Paulo

10/07/2014 19h30

A primeira vacina contra dengue testada em humanos em grande escala mostrou proteção moderada contra a doença e já é vista de forma promissora, segundo pesquisa publicada nesta quinta-feira (10) na revista Lancet. No geral, ela apresentou capacidade de proteção de 56% da população vacinada.

Não há ainda vacina disponível e licenciada no mundo para imunizar contra o vírus que causa a dengue, mas ela já poderá estar disponível no Brasil em 2015.

A vacina foi testada em mais de 10 mil crianças de cinco países asiáticos, continente com maior número de casos e onde as crianças são as mais afetadas. Testada em três doses, a vacina mostrou ser capaz de proteger contra os quatro tipos do vírus circulantes no mundo, mas com eficácias diferentes. 

A OMS (Organização Mundial de Saúde) tem como meta a redução da morbidade da dengue em pelo menos 25% e da mortalidade em pelo menos 50% até 2020.

Contra a dengue hemorrágica, versão mais grave da doença, a vacina se mostrou mais eficaz, com 88,5% de proteção entre todos os vacinados.

Na imunização contra os vírus do tipo 3 e 4 (DENV 3 e 4), a pesquisa apontou grau de proteção superior a 75% e contra o vírus do tipo 1 (DENV 1), de 50%.

Já contra o vírus tipo 2 (DENV 2), a proteção seria de apenas 35% dos vacinados, o que não impede a vacina de imunizar contra o vírus, segundo Sheila Homsani, gerente do departamento médico da Sanofi Pasteur Brasil.

"Como a vacina é tetravalente, ela protege contra os quatro tipos de sorotipos da dengue e tem proteção global alinhada com o que a OMS espera. Com ela, estima-se que até 2020 haja uma diminuição de 50% da mortalidade por dengue", diz.

A vacina é produzida pelo laboratório Sanofi Pasteur em conjunto com o Instituto de Pesquisa de Medicina Tropical das Filipinas.

Vacina tem potencial para reduzir casos pela metade

O estudo envolveu 10.275 crianças saudáveis, com idade entre dois e 14 anos, selecionadas de forma aleatória para receber três injeções da vacina ou um placebo a cada seis meses, durante um ano. Elas foram acompanhadas pelos cientistas por outros dois anos.

De acordo com a autora da pesquisa, Maria Rosario Capeding, do Instituto de Pesquisa de Medicina Tropical das Filipinas, os resultados do estudo sugerem que o uso da vacina pode reduzir mais da metade a incidência de infecção por dengue, assim como das hospitalizações por causa da doença.

“Essa vacina tem potencial para ter um impacto significativo na saúde pública, tendo em vista a alta carga da doença em países endêmicos”, disse à Lancet.

Dengue no Brasil e no mundo

A dengue é uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que infecta ao menos 390 milhões de pessoas a cada ano, das quais 96 milhões sofrem de infecção, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Nos últimos 50 anos, a incidência de dengue aumentou 30 vezes, com mais da metade da população mundial em risco, diz a OMS. 

No Brasil, foram notificados 638.404 casos de dengue entre os dias 1º de janeiro e 28 de junho deste ano, segundo o Ministério da Saúde. O número representa uma queda de 52% em comparação ao mesmo período do ano passado.