Masturbação feminina ajuda a diminuir TPM e cólicas
“Masturbar me ajuda a relaxar e me dá uma sensação enorme de bem-estar”. A radialista Rafaela*, 27, vai direto ao ponto. Desde a adolescência, ela mantém o hábito de estimular o próprio prazer. “Por causa do tabu, eu comecei tarde, com 15 anos". Segundo ela, a masturbação a ajuda a diminuir o estresse do dia a dia e a extravasar o apetite sexual. Mesmo quando tem um parceiro fixo, Rafaela não abre mão do hábito. “É um prazer diferente, mais imediatista”, explica.
A radialista está certa quanto aos benefícios da masturbação. Especialistas afirmam que os ganhos para as mulheres vão além de uma sessão privada e individual de relaxamento. O orgasmo, com ou sem parceiro, tem efeitos benéficos para a saúde da mulher, inclusive em áreas que não estão ligadas diretamente à sexualidade.
Por exemplo, ajuda contra a insônia. Durante o orgasmo, o corpo produz endorfinas, que são hormônios capazes de dar sensação de bem-estar. “A produção dessas substâncias causa o relaxamento muscular e neurológico e, por isso, a pessoa tende a dormir melhor”, explica Maria Elisa Noriler, coordenadora do ambulatório de Ginecologia do Hospital Municipal Maternidade Escola de Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo.
A endorfina também ajuda a diminuir os efeitos da TPM e das cólicas menstruais. “É uma questão de bem-estar. As dores melhoram, a TPM melhora. O que acontece é a mesma coisa que quando um atleta corre ou alguém come chocolate. Ambas as atividades ajudam na produção de endorfinas”, aponta o ginecologista especialista em Saúde Sexual e Reprodutiva, Caio Parente Barbosa. Quando a mulher chega ao clímax do ato sexual há a diminuição de uma substância chamada prostaglandina. A prostaglandina faz parte da cadeia do processo inflamatório, por isso a diminuição da substância no organismo ajuda a aliviar as cólicas.
Há ainda benefícios na prevenção de infecções no útero e no fortalecimento do sistema imunológico. “Durante o orgasmo, ocorre a limpeza das secreções que ficam no colo do útero”, afirma Maurício Luiz Peixoto Sobral. Segundo Maria Elisa Noriler, a produção de substâncias dopaminérgicas e noradrenérgicas, que vão atuar na medula óssea, fortalece o sistema imunológico.
Masturbar-se pode ajudar também no ato sexual com parceiro. “Todos devem conhecer melhor o próprio corpo, independentemente do gênero. Quando for transar com algum parceiro ou parceira, a mulher conhecerá melhor o próprio corpo”, afirma Rafaela. A masturbação ajuda a vagina a manter e até melhorar o seu nível de lubrificação ao longo da vida da mulher. “Por causa do exercício, as glândulas ficam mais ativas, o que deixa a vagina mais úmida, mais lubrificada e, por isso, mais apta à penetração”, explica a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Prosex (Programa de Estudos em Sexualidade) da USP (Universidade de São Paulo).
O hábito tem benefícios para todas as idades. Os movimentos musculares resultantes do orgasmo também fortalecem o períneo, conjunto de músculos localizados na região genital. “Depois dos 40 anos, a mulher começa a sofrer de uma flacidez no períneo e uma das atividades que ajuda a diminuir esse efeito é ter relações sexuais com frequência”, diz. A musculatura do períneo controla e deixa a uretra mais suspensa e o orgasmo ajuda a mantê-la no lugar. Além disso, a musculatura fortalecida controla melhor o funcionamento da bexiga, o que evita a incontinência urinária.
Rafaela concorda. “Eu me sinto muito melhor após [a masturbação]. Faz bem para a pele, para o humor e para o estresse. Gozar só tem benefícios”, diz. A médica Maria Elisa Noriler afirma, no entanto, que apesar de todos os benefícios da autoestimulação sexual, ela não deve ser vista como uma atividade superior ao sexo. “É uma forma de substituição", diz, "embora muita gente prefira se masturbar a ter relações sexuais com alguém”. Ela afirma ainda que quem escolhe não se masturbar ou praticar sexo não sofre mais riscos à saúde que os outros. “Quem se abstém de sexo vai ser mais predisposto a doença? Não. É uma deliberação pessoal. A pessoa não vai sentir falta daquilo que ela optou por abrir mão. Acaba compensando essa necessidade com outras coisas. Em contrapartida, quem sente desejo sexual e reprime pode, sim, estar fazendo mal para a saúde”, conclui.
*Rafaela é o nome fictício escolhido pela radialista, que não quis se identificar
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