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Além de combater infecções, alho pode ajudar a proteger o coração

O alho tem propriedades terapêuticas conhecidas desde a época dos faraós no Egito - Thinkstock
O alho tem propriedades terapêuticas conhecidas desde a época dos faraós no Egito Imagem: Thinkstock

Cintia Baio

Colaboração para o UOL

03/11/2015 06h00

A lista dos benefícios para quem consome ao menos um dente de alho cru por dia é extensa. Pesquisas comprovam o potencial contra doenças e o ingrediente tem ganhado cada vez mais espaço. Além de antibiótico natural, que atua no combate a várias infecções, também auxilia no controle da pressão, da glicemia, reduz o colesterol, previne problemas cardiovasculares, aumenta a imunidade e tem ação anticancerosa.

Seu poder terapêutico é conhecido há milênios e acredita-se que o uso venha desde a época dos faraós no Egito, inclusive, como moeda de troca. Alho e cebola eram acrescentados à dieta dos escravos que participavam da construção das pirâmides, justamente porque os alimentos aumentavam a força e o vigor dos trabalhadores.

A verdade é que a lista de benefícios está diretamente ligada à quantidade de bons “ingredientes” que compõem o famoso tempero. Até agora, foram identificados cerca de 30 componentes com efeitos positivos para a saúde. A maioria deles está concentrado no bulbo, aquela parte branca que popularmente é conhecido como a “cabeça”, composta pelos “dentes” do alho.

Patê de alho -  -
Para disfarçar o sabor e consumir o alho cru, vale misturá-lo a massas e a maionese
Entre os principais, estão os compostos sulfurados, como a aliina, a alicina e o ajoeno, responsáveis pelo odor e sabor forte e característico do alimento. A presença dos sulfurados é cerca de três vezes maior do que em outros vegetais também ricos nestes compostos, como a cebola e o brócolis.

É por causa deles que o alho tem propriedades anti-inflamatórias, anticoagulantes e antifúngicas. No entanto, a maioria dos componentes sulfurados não está presente nas células intactas. São liberadas apenas quando ele cortado ou mastigado. É por isso que é preciso partir antes de ser consumido.

Um estudo realizado pela Universidade de Brasília (UnB), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), revelou que a alicina, por exemplo, auxilia no controle das taxas do colesterol e diminui o risco de infarto agudo no miocárdio. O selênio, outro componente presente, é um poderoso antioxidante que fortalece o sistema imunológico e ajuda a afastar o risco de tumores. O alho também é rico em vitamina C, que combate infecções, e vitaminas do complexo B, que combatem o desânimo.

Quanto consumir por dia?

Embora as propriedades terapêuticas sejam reconhecidas pelo Ministério da Saúde e pelo FDA (órgão governamental dos EUA ligado ao controle de alimentos), não há um consenso sobre a quantidade diária ideal para sentir os efeitos benéficos. “Um dente de alho cru por dia já é o suficiente. No entanto, se ele for refogado, devemos garantir o consumo de dois”, sugere a nutricionista Vanderli Marchioli, vice-presidente da Associação Brasileira de Fitoterapia. Alguns órgãos internacionais, como o Ministério da Saúde do Canadá e a Agência Federal de Saúde Alemã, sugerem a ingestão de quatro gramas de alho cru por dia ou 8 mg de óleos derivados.

Por que o cheiro é tão forte?

O odor forte e característico desse alimento só é liberado quando ele é picado, amassado ou cortado. Ao picar um dente de alho, por exemplo, uma enzima chamada alinase entra em contato com uma substância chamada de aliina. Essa reação produzirá a alicina, responsável pelo cheiro e pelo sabor do alho.

Cru, assado ou frito?

Embora o gosto seja mais acentuado, consumir o ingrediente cru é a melhor forma de garantir a absorção de todos os nutrientes. Para disfarçar o sabor, é possível misturá-lo a pastas ou maionese, por exemplo. Se a opção for comê-lo cozido, o ideal é que o tempo no fogo não ultrapasse 20 minutos e a temperatura não passe de 100 ºC. “Após 40 minutos de cocção já se observa uma redução na capacidade antioxidante. O mesmo acontece quando ele é frito”, explica a pesquisadora da USP e especialista no tema, Jocelem Salgado.

Vale substituir o consumo in natura por cápsulas?

De acordo com Vanderli, é possível fazer a substituição, desde que as cápsulas sejam adquiridas em locais seguros. A pesquisadora Jocelem alerta que antes de começar a ingestão das cápsulas, é preciso buscar orientação de um profissional da saúde. “O uso crônico e em excesso pode causar mau hálito, suor e perturbações gastrintestinais, como ardência, diarreia, flatulência e mudanças da flora intestinal”.

Tem contraindicação?

Algumas pesquisas apontam que o consumo não é indicado para indivíduos medicados com anticoagulantes (como a varfarina) por conta do risco de hemorragias. Quem é alérgico ao enxofre —que está presente nos compostos sulfurados do alho— pode apresentar dermatites, asma, rinite, conjuntivite e urticária. Além destes efeitos colaterais, o consumo excessivo do alho pode interferir na eficácia terapêutica de alguns medicamentos.

10 benefícios do alho

  • Antibiótico natural
  • Baixa o colesterol
  • Protege o coração
  • Favorece a circulação
  • Contém uma dose elevada de vitamina C
  • Auxilia no controle da pressão
  • Auxilia no controle da glicemia
  • Melhora a imunidade
  • Tem ação anticancerosa