Por que tirar zika da lista de emergência da OMS pode significar algo pior
A OMS (Organização Mundial de Saúde) anunciou na última sexta-feira (18) que o vírus da zika não está mais na lista de emergência mundial. A declaração soou como algo positivo e que de alguma forma a doença traz menos riscos agora. Contudo, pode significar na verdade o contrário: a zika seria ainda mais perigosa.
Como afirmou no dia do anúncio, a OMS considera que a zika "veio para ficar". Internamente, membros da organização consideram que a saída do vírus da lista pode constituir um aumento no nível de alerta da doença. Para Peter Salama, chefe do departamento de emergências da OMS, a comunidade científica agora precisa de uma abordagem a longo prazo.
"Hoje estamos em uma situação muito diferente. É essencial que consideremos que o vírus da zika vai continuar a se espalhar. E precisamos continuar capazes de responder a isso" Peter Salama, segundo o site New Scientist
A grande diferença da lista de emergência da OMS é que ela permite que recursos emergenciais sejam usados por financiadores e pesquisadores na luta contra a doença. Fora dessa lista, o combate à zika vira um programa de médio a longo prazo, sem o acesso aos fundos emergenciais da organização.
Os fundos emergenciais, por sinal, são financiados por doadores que esperam que as pesquisas durem de seis a 12 meses. As respostas para a zika podem levar anos a partir de agora. A esperança da OMS é pelo surgimento de doadores com esta visão.
"De muitas formas, isso é um reconhecimento de que o programa precisa escalar para um programa de trabalho a longo prazo", diz Salama.
A zika ainda causa muitas incertezas entre cientistas. Entre elas, estão a dúvida sobre variações dos vírus, o número exato de casos da doença e de microcefalia ou que outros fatores podem deixar a zika mais perigosa a mulheres. Recentemente, foi descoberto de que bebês sem microcefalia tiveram outros problemas graves nos primeiros meses após o nascimento.
A busca prioritária da OMS é por uma vacina eficaz contra o vírus. Cientistas já estão testando algumas opções – há 30 candidatas em potencial.
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