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Antibióticos orais salvam mais vidas de crianças pequenas

Donald G. McNeil Jr.

07/04/2015 19h32

Enquanto vacinas, mosquiteiros e outras medidas de saúde salvaram milhões de crianças com menos de cinco anos na última década, as taxas de mortalidade por pneumonia, septicemia e meningite entre bebês nas primeiras semanas de vida permanecem teimosamente altas. Agora, os pesquisadores descobriram que dar antibióticos orais a recém-nascidos em risco, um protocolo mais simples do que ministrar antibióticos injetáveis como recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pode salvar as vidas de muitos dos 630 mil recém-nascidos que morrem a cada ano.

Como resultado de três grandes estudos publicados nas revistas "The Lancet" e "Lancet Global Health" na semana passada, a OMS logo revisará suas diretrizes, disse um porta-voz da organização, Tarik Jasarevic.

As atuais diretrizes pedem que bebês com sintomas de infecções bacterianas perigosas recebam antibióticos injetáveis por sete a dez dias, um protocolo que normalmente exige hospitalização.

Mas para muitos pacientes em países pobres, isso é impossível. Viajar a um hospital distante pode custar demais, e os pais podem temer um ambiente não familiar ou não poderem abandonar suas fazendas, empregos e outros filhos por muito tempo –de modo que os bebês com frequência morrem.

Um estudo no Paquistão apontou que apenas 24% dos pais aceitam a hospitalização de seus filhos pequenos –e até mesmo quando a equipe do estudo pagava pelo transporte e ajudava com a internação, apenas metade aceitava.

Os novos estudos, dois na África e um em Bangladesh, dividiram cerca de 8.400 bebês com sintomas de pneumonia em dois grupos. Alguns receberam o protocolo da ONU; outros receberam menos injeções de antibióticos e uma semana de amoxicilina líquida. No geral, as taxas de cura foram semelhantes, porém mais famílias aderiram ao regime oral.

Idealmente, disseram os autores, funcionários de saúde levemente treinados em clínicas locais poderiam ministrar duas injeções de antibióticos nas crianças pequenas doentes e então enviar os pais de volta para casa com um frasco de amoxicilina.

"Esses resultados devem fornecer uma base sólida para os autores de políticas e especialistas para empoderar e treinar pessoal nas unidades de saúde e assegurar que equipamento e medicamentos apropriados estejam disponíveis", disse o dr. Steve Wall, um consultor da Save the Children.

Os estudos foram encomendados pela OMS e apoiados pela Fundação Bill & Melinda Gates, Save the Children, Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional, Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg e pelos Ministérios da Saúde locais.

Tradução: George El Khouri Andolfato