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Regiões remotas do Nepal aguardam ajuda nove dias após terremoto

04/05/2015 15h05

Katmandu, 4 Mai 2015 (AFP) - Os aviões do exército dos Estados Unidos começaram a fazer voos de reconhecimento nesta segunda-feira nas áreas mais remotas do Nepal, nove dias depois do terremoto que deixou mais 7.300 mortos no país.

Um avião de transporte militar C-17 da Força Aérea dos Estados Unidos e quatro helicópteros Ospreys chegaram no domingo para reforçar as equipes de resgate nepalesas, depois do devastador terremoto de 7,8 graus de magnitude.

"Apenas os 'Hueys' (helicópteros) seguiram longe para identificar áreas que precisam de ajuda. Os 'Osprey' ainda não decolaram", afirmou uma fonte da embaixada americana.

"Têm objetivo múltiplos. Vão entregar mantimentos, talvez realizar alguns resgates e também têm missões", declarou à imprensa o embaixador americano Peter W. Bodde.

"A diferença será imediata", disse no domingo o general de brigada americano Paul Kennedy.

O balanço mais recente da tragédia cita 7.365 mortos e 14.000 feridos, mas o número definitivo será muito maior, advertiram as autoridades nepalesas.

Mais de 100 pessoas também morreram na catástrofe na China e na Índia.

A União Europeia indicou nesta segunda-feira que os países membros seguem sem notícias de 60 de seus cidadãos, ainda que este número venha diminuindo a "cada hora", conforme as equipes de resgate alcançam as zonas mais remotas do país. O número de europeus mortos no terremoto é de 13 até o momento.

Entre os desaparecidos há 13 espanhóis, informou nesta segunda-feira o ministério espanhol das Relações Exteriores, citando dados da embaixada da Espanha em Nova Delhi.

Uma fonte do governo nepalês afirmou que os aviões americanos devem retirar vítimas das áreas remotas mais afetadas pelo terremoto, de 7,8 graus.

"Ajudarão as vítimas, principalmente no leste do Nepal, em áreas muito afetadas como Sindhupalchowk e Gorkha", declarou à AFP Suraya Prasad Siwal, porta-voz do ministério do Interior.

No domingo, o ministro das Finanças nepalês, Ram Sharan Mahat, alertou que o balanço definitivo da tragédia será muito maior.

"Há vilarejos aos quais ainda não conseguimos chegar, mas sabemos que todas as casas foram destruídas", disse.

"Os tremores secundários são constantes e acreditamos que o balanço humano definitivo será muito maior", completou Mahat.

Vários países se comprometeram a ajudar no resgate, um apoio bem recebido pelo governo do Nepal, mas que provocou congestionamentos no único aeroporto internacional do país, o de Katmandu, que tem apenas uma pista.

O diretor do aeroporto proibiu o pouso dos aviões de grande porte por temer danos à pista, mas não vetou a chegada dos aviões americanos.

O fim de semana foi marcado por resgates que aumentaram as esperanças dos nepaleses.

As equipes de emergência anunciaram que resgataram um idoso de 101 anos com vida dos escombros de sua casa em Nuwakot, localidade que fica 80 km ao noroeste de Katmandu.

A polícia informou em um primeiro momento que Funchu Tamang havia permanecido preso nos escombros de sua casa desde 25 de abril, sem explicar que ele havia sido encontrado no jardim, onde se refugiou depois da catástrofe.

Em uma entrevista à AFP, Tamang disse que permaneceu bloqueado sob os escombros durante várias horas, antes de ser socorrido por sua cunhada.

A polícia também resgatou três mulheres dos escombros no domingo em Sindupalchowk, um dos distritos mais afetados pelo terremoto, mas não revelou quanto tempo elas permaneceram sepultadas.

Também no domingo, a polícia anunciou a retirada de 51 corpos dos escombros, incluindo seis estrangeiros, na região de Langtang, muito procurada por montanhistas e onde as autoridades temem que outros 100 turistas permanecem desaparecidos.

As principais agências de montanhismo suspenderam as expedições ao Everest, onde 18 pessoas morreram em um deslizamento provocado pelo terremoto de 25 de abril.