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Trump não descarta reunião com Maduro e diz desconfiar de Guaidó

22/06/2020 11h49

Washington, 22 Jun 2020 (AFP) - O presidente Donald Trump poderia considerar uma reunião com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e não confiaria totalmente em Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, incluindo os Estados Unidos.

Trump deu essas declarações ao site Axios, o que significaria uma mudança de 180 graus em sua política para a Venezuela nos últimos meses. O site publicou trechos da entrevista no domingo à noite (21).

"Poderia pensar nisso (...) Maduro gostaria de se reunir. E eu nunca me oponho às reuniões", disse Trump, segundo o Axios.

"Sempre digo que se perde muito pouco com as reuniões. Mas, até agora, eu as recusei", acrescentou, referindo-se a uma reunião com Maduro.

Apesar do firme apoio que o governo Trump deu a Guaidó, o Axios explicou que, na entrevista, Trump mostrou suas reservas em relação ao interino e a seu desempenho e "indicou que não tem muita confiança" nele.

Presidente do Parlamento venezuelano, Guaidó se proclamou presidente interino da Venezuela em janeiro de 2019 e foi reconhecido como tal por quase 60 países, que consideram o governo de Nicolás Maduro ilegítimo.

Guaidó "foi escolhido. Eu acho que era necessariamente a favor, mas algumas pessoas gostavam dele, outras, não. Soou bem para mim. Não acho que tenha sido muito significativo de uma maneira, ou de outra", disse Trump.

As declarações de Trump coincidem com a publicação desta semana de um livro de memórias de John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional de Trump, e que tem causado alvoroço nos Estados Unidos. Nele, Bolton mencionaria Venezuela e Guaidó.

Segundo trechos publicados pelo Axios, Bolton escreveu que Trump tinha suas dúvidas sobre Guaidó desde o início, pois o considerava "uma criança" na frente de Maduro, cuja imagem era "forte".

Respondendo a uma pergunta sobre se ele se arrependia da decisão de apoiar Guaidó, como sugere Bolton em seu livro, Trump disse: "Eu poderia ter vivido com e sem Guaidó, mas eu era muito contra o que estava acontecendo na Venezuela".

Desde janeiro de 2019, os Estados Unidos lideram uma campanha internacional para tirar Maduro do poder. Washington considera fraudulenta sua reeleição em maio de 2018 e atribui a Maduro uma corrupção generalizada no país, além de graves violações dos direitos humanos e o colapso econômico dessa antiga potência do petróleo.

Apesar de uma bateria de sanções, Maduro permanece no poder com o apoio particular da Rússia e da China.

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