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Delator aponta propina para Jucá e Edison Lobão em Angra 3

Os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Edison Lobão (PMDB-MA) riem ao lado do deputado Espiridião Amim (PP-SC) - Alan Marques/Folhapress
Os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Edison Lobão (PMDB-MA) riem ao lado do deputado Espiridião Amim (PP-SC) Imagem: Alan Marques/Folhapress

Em São Paulo

07/06/2016 09h31

Ao menos dois executivos da Andrade Gutierrez, delatores da Operação Lava Jato, apontaram propina aos senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Edison Lobão (PMDB-MA). O ex-diretor da empreiteira Clóvis Primo declarou que, "com relação aos pagamentos de propinas ajustados com o PMDB", foram feitos repasses correspondentes a 0,5% dos valores das obras da Usina de Angra 3 a Romero Jucá e 0,5% a Lobão.

O senador por Roraima foi ministro do Planejamento no governo do presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), por 12 dias. A divulgação de suas conversas com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado levou à queda de Jucá. No diálogo, o senador peemedebista propõe um "pacto" para acabar com a Lava Jato.

Um dos anexos da delação de Clóvis Primo traz um capítulo intitulado "pagamento de propinas". Anexo é termo preliminar aos depoimentos frente o Ministério Público Federal.

"Com relação aos pagamentos de propinas ajustados com o PMDB, o colaborador esclarecerá que não foram diretamente ajustados ou realizados por ele, mas mediante pagamentos a intermediários indicados pelo então ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, realizados em espécie, correspondentes a 0,5% dos valores das obras; e mediante contratos com empresas indicadas pelo senador Romero Jucá que realizavam os repasses a este, também correspondentes a 0,5% dos valores das obras", aponta o anexo.

Clóvis Primo relatou sobre "pagamentos de propinas ajustados com o PT" que não foram diretamente negociados ou realizados por ele, mas sim feitos por meio de "doações ao diretório nacional do partido, tendo sido a interlocução feita por outros executivos da AG".

A Andrade Gutierrez tem 11 executivos como delatores na Lava Jato. O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou no início de abril, 34 termos de colaboração. A empreiteira, que também fechou acordo de leniência, vai pagar multa de R$ 1 bilhão.

O ex-diretor do grupo Flávio Gomes Machado Filho declarou que a partir do momento em que o contrato de Angra 3 entrou em execução, "o assunto passou a ser tratado pela diretoria responsável pelo tema na AG, e a partir daí houve demandas do PMDB e do PT para pagamento de percentuais vinculados ao valor da obra".

"O colaborador relatará que chegou a fazer um pagamento dirigido a Edison Lobão, entregue a um intermediário por ele indicado, em data e local que detalhará posteriormente. E também que foram efetuados pagamentos dirigidos a Romero Jucá, através de canais por este indicados, que serão detalhados e comprovados posteriormente", informa o anexo.

Um terceiro dirigente ligado à empreiteira, o ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia Flávio David Barra, relatou que entrou no projeto um pouco antes da licitação da parte de montagem da obra de Angra 3.

"O colaborador também confirmará a existência de doações de campanha vinculadas a percentuais de obra para o PT (representado por João Vaccari, então tesoureiro do partido) e pagamentos para o PMDB, na pessoa de Edison Lobão", afirma o documento.

Defesa

Por meio de nota, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, que defende Romero Jucá e Edison Lobão, afirmou que "todas estas delações não apresentam nenhum rastro de qualquer prova. São acusações desprovidas de qualquer valor".