Marta e Haddad travam 'disputa paralela'
Concorrentes diretos na busca pelo voto tradicionalmente petista para a Prefeitura de São Paulo, os candidatos Fernando Haddad (PT) e Marta Suplicy (PMDB) travaram ontem uma disputa paralela, com críticas diretas de ambos os lados. Ontem, Marta chamou de "maluquice total" a proposta de Haddad de fazer eleições diretas para subprefeito e o petista respondeu em tom sarcástico.
"Engraçado. Marta gosta tanto de Paris. Ela poderia explorar um pouco o modelo de lá", afirmou ele após participar de debate na Universidade de São Paulo (USP), na zona oeste. A capital francesa é uma das cidades usadas pela prefeitura como modelo para o projeto de eleições diretas para subprefeito.
Ao participar de um almoço com empresários organizado pelo Secovi (Sindicato da Habitação), Marta focou seu discurso em críticas à gestão Haddad. "Foi criada uma situação de descaso e de abandono em todos os setores da cidade onde eu tenho me debruçado. A cidade foi abandonada."
O confronto direto com Marta é uma mudança de atitude do prefeito em relação ao período da pré-campanha. Até então os ataques à ex-petista eram "terceirizados" e ficavam a cargo de apoiadores de Haddad, deixando para o candidato o papel de falar apenas sobre temas positivos.
Segundo integrantes da coordenação da campanha do PT, a disputa paralela contra Marta deve durar até o fim do primeiro turno. Tanto Haddad quanto a senadora e o deputado Celso Russomanno (PRB) buscam os votos do eleitorado no chamado "cinturão vermelho" da periferia paulistana que, tradicionalmente, votava no PT. De acordo com coordenadores da campanha do prefeito, retomar o "cinturão" é a meta do PT no primeiro turno.
No caso de Marta a rivalidade tem um ingrediente a mais: a disputa pela paternidade (ou maternidade) das marcas deixadas pela ex-prefeita em sua gestão (2001-2004). Haddad diz que os créditos cabem ao PT, enquanto Marta tenta capitalizar para si realizações como os CEUs, Bilhete Único e corredores de ônibus. Em praticamente todos os discursos o prefeito e seus apoiadores se referem à gestão de Marta como "nossa" (do PT).
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