Topo

"É necessário e urgente o esclarecimento", diz OAB sobre denúncias contra Temer

Presidente Nacional da OAB, Cláudio Lamachia - Charles Sholl/Futura Press/Estadão Conteúdo
Presidente Nacional da OAB, Cláudio Lamachia Imagem: Charles Sholl/Futura Press/Estadão Conteúdo

09/12/2016 22h51

A Ordem dos Advogados do Brasil declarou nesta sexta-feira (9) que "a sociedade precisa saber se os recursos transferidos são legítimos ou fruto de propina", em referência às denúncias veiculadas pela revista Veja, pelo site BuzzFeed e pelo Jornal Nacional, da TV Globo, de que a empreiteira Odebrecht teria repassado R$ 10 milhões em espécie ao PMDB a pedido do presidente Michel Temer (PMDB), em 2014.

"É absolutamente necessário e urgente o esclarecimento a respeito dos repasses feitos pela Odebrecht aos partidos e autoridades públicas, inclusive ao presidente da República", defendeu o presidente da entidade máxima da Advocacia, Claudio Lamachia.

"As notícias veiculadas pela imprensa sobre diversas autoridades precisam ser apuradas com urgência para que a população não fique refém da incerteza e para que o país possa superar rapidamente os problemas que enfrenta", recomenda.

BuzzFeed e Veja revelaram nesta sexta-feira (9) que o executivo Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, afirmou em delação premiada que distribuiu propinas a deputados, senadores e governadores, entre eles integrantes da cúpula do PMDB no atual governo Temer.

A reportagem confirmou que Temer teve dois encontros com o empresário Marcelo Odebrecht, em 2014. Uma das reuniões foi um jantar entre o então vice-presidente, Odebrecht e o hoje ministro chefe da Casa Civil Eliseu Padilha no Palácio do Jaburu.

Em outro encontro, em São Paulo, Temer estaria acompanhado de seu colega de partido Henrique Alves. Ambos, segundo a delação, pediram dinheiro a executivos da empreiteira, em troca de uma obra.

A revista informou que teve acesso à íntegra dos anexos da delação de Melo Filho, que trabalhou por doze anos como diretor de Relações Institucionais da Odebrecht.

O delator teria afirmado que os R$ 10 milhões foram pagos em dinheiro vivo ao braço direito do presidente, o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. O dinheiro também teria sido repassado ao assessor especial do peemedebista, José Yunes, seu amigo há 50 anos.

"No momento em que o governo pede mais sacrifícios à população para enfrentar a crise econômica, não podem pairar dúvidas acerca da integridade moral dos que comandam as instituições", destacou Lamachia.

"Acompanho com atenção os desdobramentos desses fatos para que a OAB possa cumprir com rigor sua função de defender os interesses da sociedade e o cumprimento da Constituição", continuou ele. "Se necessário, a OAB usará de suas prerrogativas constitucionais para fazer valer os interesses da cidadania."

O presidente Michel Temer divulgou uma nota à imprensa na noite desta sexta-feira para rechaçar as supostas informações da delação do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho. "O presidente Michel Temer repudia com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo Filho", diz a nota. "As doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE. Não houve caixa 2, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente", completa.