São Paulo vai desativar 1/4 das salas de Internet do programa Acessa SP
A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) quer desativar uma em cada quatro salas do programa de inclusão digital, o Acessa SP, até o fim do ano. Em cenário de crise, com queda na arrecadação do Estado, a proposta é reduzir o número de salas de 800 para 600. O foco deve ser nas que têm pouco uso. Em contrapartida, o governo promete ampliar os pontos de Wi-Fi, hoje já disponíveis em 156 salas no Estado.
O processo de fechamento de salas teve início em 2015. Naquele ano, o governo do Estado fechou 14 unidades. Neste ano, 56 equipamentos foram desativados até novembro. O número de computadores disponíveis caiu de 6,9 mil no ano passado para 6,2 mil neste ano. O valor gasto com o programa também caiu: de R$ 14,5 milhões para estimados R$ 9,5 milhões (queda de 34,1%).
O Estado alega que as unidades fechadas têm pelo menos 50% de ociosidade. O número de atendimentos no Acessa SP vem caindo a cada ano. No auge do programa, em 2010, houve 8,9 milhões de atendimentos. No ano passado, quando os espaços começaram a ser desativados, o número caiu em 46% - foram 4,8 milhões de atendimentos em todo o ano. Cerca de 500 mil pessoas acessaram o programa no ano passado. Os dados foram obtidos pelo Estado por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
O programa fornece computadores e acesso à internet a todos os municípios paulistas, que, em contrapartida, cedem o espaço físico e contratam um monitor para tomar conta do serviço. Para desativar os pontos, o governo diz que tem buscado os prefeitos de cada um dos quase 600 municípios participantes para verificar quais estão sendo pouco utilizadas. A ideia é manter ao menos uma sala ativa nas cidades que já têm o equipamento.
O uso do Wi-Fi, disponível desde 2013, segue tendência contrária: houve 271,2 mil acessos no primeiro ano da instalação dos equipamentos e 1,6 milhão em 2016. Pesquisa recente do Comitê Gestor da Internet divulgada neste ano apontou que 89% da população brasileira acessa a internet pelo telefone celular. A mudança de perfil do programa, segundo o governo, atende ao interesse de prefeituras do interior que, "diante da elevada ociosidade em tempos de contenção de custos, optaram por fechar as unidades que funcionam em parceria com o governo do Estado".
O titular da subsecretaria de tecnologia e serviços ao cidadão da Secretaria de Governo, José Valter da Silva Junior, disse ao Estado que a decisão de fechar um posto depende de uma análise de uso com base na série histórica de pelo menos 12 meses. "Ano a ano você tem uma diminuição de pessoas que acessam a internet pelo desktop, até dentro de seu domicílio, e um aumento expressivo do acesso via smartphone, pela facilidade que ele proporciona", disse. Ele afirma que a mudança busca "eficiência".
Silva Junior destaca ainda que a ideia não é acabar com os pontos, mas racionalizar o uso. "A gente costuma analisar os pontos no entorno, se há outros no município e a distância, até para redirecionar as pessoas. A ideia é manter onde puder. Se não tem demanda para isso, vai haver fechamento. Se tiver, sustenta a estrutura."
Ele diz ainda que há possibilidade de que parte dos espaços se transforme em áreas de coworking (onde pessoas com competências diferentes podem trabalhar em um projeto), mas não há detalhes da proposta nem certeza de que será viabilizada. Também não há previsão de quantos novos postos de Wi-Fi serão instalados.
Região metropolitana
O Estado deu início ao enxugamento pelos postos que são totalmente estaduais - a maioria fica na região metropolitana, mas também há dois desativados no interior - no Bom Prato de Franca, a 390 quilômetros da capital, e no Bom Prato de Botucatu, a 230 km de São Paulo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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