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Ministros do Supremo "soltam e ressoltam" corruptos poderosos, diz Dallagnol

Felipe Rau/Estadão Conteúdo
Imagem: Felipe Rau/Estadão Conteúdo

Altamiro Silva Junior e Thais Barcellos

Em São Paulo

24/10/2017 10h27

O procurador da República, Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, disse durante o Fórum Estadão Operação Mãos Limpas & Lava Jato que mesmo após os resultados da operação de combate à corrupção no Brasil o "dinheiro continua circulando em malas" e que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) "soltam e ressoltam" os presos.

“Dinheiro continua circulando em malas anos depois do início da Lava-Jato. Regras são gestadas no Congresso Nacional para beneficiar políticos. Ministros do Supremo soltam e ressoltam corruptos poderosos”, declarou.

Dallagnol ressaltou que os parlamentares brasileiros continuam legislando em causa própria. "Sucessivos fracassos alimentam a desesperança", afirmou o procurador, ressaltando que nas eleições de 2018 é preciso escolher candidatos que combatam à corrupção, "senadores e deputados que tenham passado limpo, espírito democrático e apoiem o combate à corrupção."

"Meu maior medo é que muitos de nós não percebamos que em 2018 existe uma cerca baixa sendo colocada diante de nós. Nós podemos dar um grande salto contra a corrupção no país", disse ele. "A mudança está nas mãos da sociedade. Se a maioria do Congresso não aprova o pacote anticorrupção, basta que a sociedade coloque lá quem vai aprovar", disse Dallagnol. "A desesperança nos mortifica ainda vivos."

Deltan apontou para um "círculo vicioso". "A corrupção acaba alavancando a permanência dos corruptos no poder", disse. "A chegada de corruptos ao poder gera mais corrupção."

Para o procurador, a corrupção descoberta na Petrobras é apenas a "ponta de gigantesco iceberg".