Tragédia em boate de Santa Maria é 'terceira mais fatal da história'
O incêndio que matou pelo menos 231 pessoas em uma casa noturna de Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, é o terceiro mais fatal do tipo no mundo, segundo uma lista de dez incidentes semelhantes, em locais de agremiação de público, compilada pela Associação Nacional de Proteção Contra Incêndios dos Estados Unidos (NFPA, na sigla em inglês).
De acordo com a lista, que compila apenas incêndios em casas noturnas, a mais fatal delas ocorreu nos EUA e completou 70 anos há pouco tempo: o local foi a boate Coconut Grove, em Boston, e a data, 20 de novembro de 1942. O saldo foi de 492 mortos e mais de 600 feridos.
O local excedia a sua capacidade de lotação (mil pessoas) quando um incêndio teve início em uma das palmeiras de imitação que decoravam o local, espalhando-se em seguida pelas paredes e o teto do clube.
As autoridades estimaram que o fogo tardou apenas cinco minutos, desde o seu início, para percorrer o trajeto entre a sala onde se iniciou, o Melody Lounge, e a entrada, passando pelo salão de jantar.
A lista segue com o incidente ocorrido em uma boate de Luoyang, China, na noite de Natal do ano 2000, que deixou 309 mortos - o segundo acidente mais fatal da história.
Escala
A contagem se baseia nos registros da própria NFPA e, portanto, é mais útil para contextualizar, comparativamente, a escala da tragédia em Santa Maria com incidentes semelhantes no resto do mundo.
Da lista da NFPA não consta, por exemplo, um incêndio que matou mais de 200 pessoas em uma discoteca na cidade chinesa de Fuxin em 1994.
Mesmo assim, a lista permite tirar conclusões: "Os incêndios em locais públicos terminam sendo os mais fatais quando as medidas, os sistemas e a construção adequadas estão ausentes", diz a associação.
Na compilação, se encontram vários exemplos de incidentes causados por fogos de artifício durante shows de música, que pode ter sido uma das causas do fogo em Santa Maria.
Além do uso de pirotecnia em locais fechados, outros elementos, como o número limitado de saídas de incêndio e a fiscalização inadequada do cumprimento de exigências, contribuíram para o elevado número de mortos em algumas dessas tragédias.
Veja a lista:
28 de novembro de 1942 - Boate Coconut Grove, Boston (EUA)
Um incêndio em uma palmeira de mentira em um dos salãos deste tradicional clube de Boston se espalhou em questão de minutos, matando 492 pessoas. O local recebia mais gente do que a sua capacidade para mil pessoas permitia, e as portas de emergências não funcionaram adequadamente para permitir que os clientes escapassem.
25 de dezembro de 2000 - Discoteca de Luoyang (China)
O fogo, que pode ter sido causado por um problema elétrico, se iniciou em um shopping e logo tomou a pista de dança da boate. O saldo foi de 309 mortos.
23 de abril de 1940 - Rhythm Club (EUA)
Mais de 700 pessoas, quase todas afroamericanas, assistiam a uma apresentação em uma casa em Natchez, Mississippi, no momento do incêndio. Acredita-se que o incidente tenha sido causado por um acidente com um palito de fósforo. Os organizadores haviam espalhado sprays altamente inflamáveis para combater os mosquitos, o que alimentou o fogo.
A tragédia resultou na morte de 207 pessoas e em leis contra a superlotação, e o episódio foi o tema de vários blues gravados nos anos seguintes.
30 de dezembro de 2004 - República Cromagñon (Argentina)
O fogo causado pela faísca de um sinalizador usado por uma banda matou 194 pessoas na boate República Cromagñon de Buenos Aires. O gerente da discoteca e dois funcionários responsáveis pela fiscalização dos estabelecimentos foram condenados a penas de 18 e 2 anos de prisão.
20 de maio de 1977 - Beverly Hills Supper Club (EUA)
A origem do fogo que matou 165 pessoas após a recepção de um casamento em Southgate, Kentucky, ainda é alvo de polêmicas. Uma investigação oficial apontou problemas como superlotação, falhas elétricas e saídas de emergência inadequadas, mas alguns defendem que o episódio pode ter sido causado deliberadamente.
18 de março de 1996 - Ozone Disco Club (Filipinas)
Segundo estimativas, havia cerca de 350 pessoas e 40 empregados dentro de um local cujo uso havia sido aprovado para 35 convidados. Muitos dos presentes eram estudantes. O episódio em Quezon City foi considerado o incidente mais fatal das Filipinas, matando 160 pessoas.
4 de dezembro de 2009 - Lame Horse Club (Rússia)
Na cidade de Perm, um show com fogos de artifício dentro de uma boate provocou uma explosão que deixou 154 mortos. Apenas cerca de um quarto das pessoas presentes no local conseguiu escapar. Muitas das vítimas acabaram morrendo asfixiadas e pisoteadas.
20 de novembro de 1971 - Club Cinq-Sept (França)
Acredita-se que o fogo em uma casa de St Laurent du Pont, no sudeste da França, tenha sido causado acidentalmente por um palito de fósforo. As chamas consumiram rapidamente a boate, por causa do material altamente inflamável da construção e dos móveis. O resultado foram 143 mortos, a maioria adolescentes.
20 de fevereiro de 2003 - The Station (EUA)
Fogos de artifício usados no show da banda Great White dentro de uma casa de shows no estado de Rhode Island provocaram um incêndio e a morte de 100 pessoas. O local foi tomado pelo fogo em menos de cinco minutos. Apenas três pessoas foram indiciadas, mas o incidente levou a mudanças nas leis de segurança em locais públicos no estado.
25 de março de 1990 - Boate Happy Land (EUA)
Um incêndio causado intencionalmente pelo ex-namorado de uma empregada do clube matou 87 pessoas em um local que funcionava sem autorização no Bronx, em Nova York. A maioria das vítimas eram hondurenhos que celebravam o Carnaval.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.