Irlanda aprova casamento gay, dizem ministros e opositores
Representantes da campanha do "não" reconheceram a derrota no plebiscito que decidirá sobre a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Irlanda. Ministros do governo também afirmaram que o "sim" venceu.
Caso o resultado se confirme, a Irlanda - um país de forte tradição católica - será o primeiro país do mundo a legalizar o casamento gay por voto popular.
Mais de 3,2 milhões de pessoas foram às urnas - muitos irlandeses que não moram no país voltaram só para participar da votação.
A contagem dos votos teve início na manhã deste sábado e os resultados oficiais só devem sair no final da tarde (no horário local).
David Quinn, do Instituto Iona, um grupo católico, disse que foi "obviamente uma vitória muito impressionante do 'sim'".
"Obviamente há um certo grau de decepção, mas sou filosófico sobre o resultado", disse ele ao canal irlandês RTE.
"Era uma batalha difícil - havia muito menos organizações no lado do 'não', enquanto todos os grandes partidos políticos apoiavam o 'sim' e tivemos grandes corporações vindo a público pela primeira vez para dizer como deveríamos votar em um assunto particular", afirmou.
Ministros do governo - que apoiaram o "sim" - descreveram o dia como histórico.
O ministro da Igualdade, Aodhan O Riordain, disse no Twitter: "É isso. Urnas chaves já foram abertas. Deu sim. E foi uma avalanche em Dublin. Estou tão orgulhoso de ser irlandês hoje."
O ministro da Saúde, Leo Varadkar, que no início do ano foi o primeiro ministro na história da Irlanda a se assumir abertamente como gay, disse que a campanha foi "quase uma revolução social".
Ele disse ao canal irlandês RTE que aparentemente 75% dos votos de Dublin que já haviam sido contados eram a favor do casamento entre homossexuais.
A expectativa pelo resultado é grande. Uma parte do castelo de Dublin foi aberta a um público de 2.000 pessoas para que elas possam assistir à declaração final do resultado em um telão.
Nas urnas, os eleitores tiveram que responder se concordavam com a frase "O casamento pode ser contraído de acordo com a lei por duas pessoas, sem distinção do seu sexo".
O plebiscito ocorreu 22 anos após atos homossexuais serem descriminalizados na Irlanda.
Em 2010, o governo aprovou uma lei de união civil que deu reconhecimento legal a casais gays.
Mas há diferenças entre união civil e casamento. A principal delas é que o casamento é protegido pela Constituição, enquanto a união civil não é.
Na Irlanda, qualquer emenda constitucional tem de ser aprovada pelo Parlamento e levada à votação popular.
Se a medida for aprovada as igrejas católicas ainda vão poder decidir se celebram este tipo de casamento.
O líder da Igreja Católica na Irlanda, Eamon Martin, disse que a igreja poderá analisar se continuará a fazer a parte civil da cerimônia se a mudança for aceita.
Atualmente, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é legal em 19 países do mundo, inclusive no Brasil.
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