Com imagem de andador, The Economist defende que Biden desista da eleição

A revista britânica The Economist usou uma imagem de andador ao defender que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desista de disputar as eleições em novembro.

O que diz a revista

Debate com Trump foi 'terrível' e tentativa de encobrir foi 'pior'. Em editorial publicado nesta quinta-feira (4), a Economist disse ter sido "agoniante" assistir a um "homem idoso e confuso" lutando para lembrar de palavras e fatos. A tentativa da campanha de Biden de minimizar seu desempenho, no entanto, "é ainda mais tóxica", segundo a revista.

Democratas estão colocando Trump perto da vitória nas eleições. A revista cita as mais recentes pesquisas de intenção de voto, que indicaram haver risco de Biden perder até em estados antes considerados "seguros", como Virgínia, Minnesota e Novo México. "Para promover a renovação política que os EUA claramente precisam agora, eles [democratas] devem exigir mudanças. Ainda não é tarde", afirma.

Debate mostrou que 'nem Trump, nem Biden' estão aptos ao cargo. Segundo a Economist, o presidente "ainda pode parecer dinâmico" durante aparições curtas e roteirizadas, mas "você não pode governar uma superpotência através de um teleprompter". "Deveríamos confiar os códigos nucleares a alguém que não consegue terminar uma frase sobre o Medicare?", questiona, citando o momento em que Biden "travou" ao falar de gastos com saúde.

Presidente não é culpado por seu 'declínio'; sua família e equipe, sim. Os democratas — incluindo Biden — deveriam se olhar no espelho, de acordo com a revista. "Seus apoiadores argumentam que aqueles terríveis 90 minutos não devem ofuscar os últimos três anos e meio. Mas o que importa é se eles fazem projeções para os próximos quatro. Estão sendo leais ao país ou às suas carreiras?", completa.

Sua incapacidade de contra-argumentar contra um oponente fraco [Trump] foi desanimadora. Mas a operação de sua campanha para negar o que dezenas de milhões de americanos viram com seus próprios olhos é ainda mais tóxica (...). Existe uma outra opção. Biden deve desistir da campanha. (...) A virtude da democracia é que os eleitores podem escolher seus governantes, mas Biden e Trump oferecem uma opção entre o incapaz e o abominável. Os americanos merecem coisa melhor.
The Economist, em editorial

Debate 'decepcionante'

Desempenho de Biden acendeu um alerta no Partido Democrata. Com a voz rouca e frases confusas, o democrata deixou uma imagem oposta à mostrada por seu rival, que adotou um tom claro e enérgico, e desapontou até seus apoiadores. "A performance de Biden foi decepcionante, não há outra forma de dizer isso", admitiu Kate Bedingfield, que foi diretora de comunicação da Casa Branca durante os primeiros anos do governo.

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Para analista, Biden 'foi muito ruim' e passou imagem frágil. A única missão do presidente era mostrar que os questionamentos sobre sua idade e sua capacidade não faziam sentido, "mas ele falhou", segundo avaliou Leonardo Paz, pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV (Fundação Getúlio Vargas). "Ele se confunde, se perde, perde as palavras. Em que pese a falta de conteúdo de Trump, é impressionante a maneira como Biden saiu fragilizado".

Presidente admitiu 'erro', mas segue como candidato à reeleição. "Tive uma noite ruim, e o fato é que eu estraguei tudo", disse hoje em entrevista a uma rádio do Wisconsin, um dos estados-chave para as eleições de novembro. Na quarta-feira (3), em sinal de apoio, todos os governadores democratas participaram de um encontro organizado pela Casa Branca. "Ele nos garantiu que está na disputa para ganhar", reforçou a governadora de Nova York, Kathy Hochul.

(Com ANSA)

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