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Cientistas dos EUA alertam sobre pandemia e cobram OMS a evitar erros do ebola

"As espécies de mosquito Aedes que transmitem o vírus (assim como dengue, chikungunya e febre amarela) ocorrem no mundo todo, o que significa um risco elevado de transmissão global", diz o estudo - AP
"As espécies de mosquito Aedes que transmitem o vírus (assim como dengue, chikungunya e febre amarela) ocorrem no mundo todo, o que significa um risco elevado de transmissão global", diz o estudo Imagem: AP

28/01/2016 12h22

Em artigo publicado nesta quinta-feira, pesquisadores dos EUA alertam sobre o potencial "explosivo" de uma pandemia do vírus zika - com surtos na África, no Sudeste Asiático, nas Ilhas do Pacífico e nas Américas.

"Desde que o Brasil reportou a ocorrência do vírus zika, em maio de 2015, houve infecções em ao menos 20 países das Américas", diz o artigo publicado na revista científica The Journal of the American Medical Association. "As espécies de mosquito Aedes que transmitem o vírus (assim como dengue, chikungunya e febre amarela) ocorrem no mundo todo, o que significa um risco elevado de transmissão global."

Os autores do artigo - Daniel Lucey e Lawrence Gostin, da Universidade de Medicina de Washington e do Instituto para Legislação Nacional e Global de Saúde, também da capital americana - pedem que a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprenda com erros do passado para combater o zika.

Citando a recente epidemia do ebola na África Ocidental, os pesquisadores afirmam que uma "falha da agência em agir de forma decisiva" custou milhares de vidas. Eles ressaltam que a OMS ainda não está "adotando uma posição de liderança na pandemia do zika".

"As dimensões globais do vírus são bastante claras, com nova urgência diante dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro", alertam. "Enquanto o Brasil, a OPAS e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA agiram rapidamente, a OMS ainda não foi proativa, dadas as ramificações potencialmente sérias."

Os pesquisadores destacam que a diretora-geral da OMS foi criticada por esperar quatro meses após a primeira transmissão transfronteiriça do ebola para declarar uma emergência de saúde pública de dimensão internacional (PHEIC, na sigla em inglês). "A comunidade internacional não pode esperar que a OMS atue", dizem os especialistas.

OMS calcula 4 milhões de pessoas com zika

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta quinta-feira (28) que o vírus zika, que vem se espalhando rapidamente, pode infectar de 3 a 4 milhões de pessoas na América.

Ao anunciar a previsão, Marcos Espinal - chefe de doenças transmissíveis da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da OMS no continente - não definiu um período para a ocorrência dos casos.

A OMS também anunciou a convocação de um comitê emergencial sobre o zika na próxima segunda-feira, para decidir se o surto do vírus deve ser declarado uma emergência de saúde internacional. A última emergência do tipo foi anunciada no contexto da epidemia do ebola na África Ocidental, em 2014. A poliomielite havia recebido o mesmo status no ano anterior.

Em reunião, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, afirmou que, apesar de não haver provas definitivas de que o zika é responsável por um aumento no número de casos de bebês com microcefalia no Brasil, há uma "forte suspeita" da relação causal e, portanto, "o nível de alerta é extremamente elevado".

"A possível correlação [...] mudou rapidamente o padrão de risco do zika de uma ameaça moderada para uma de proporções alarmantes", afirmou.