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Renfe: acidente não foi falha do sistema espanhol de alta velocidade

27/07/2013 21h42

Madri, 27 jul (EFE).- A seção da ferrovia onde um trem descarrilou na quarta-feira passada na Espanha, matando 78 pessoas, não integrava uma linha de alta velocidade, disse neste sábado em entrevista à Agência Efe o diretor-geral de operações da companhia responsável pela ferrovia, Luis Francisco Minayo.

Segundo o diretor-geral da Rede Nacional de Ferrovias Espanholas (Renfe) não se pode "falar de um acidente em uma linha espanhola de alta velocidade".

O maquinista do trem, que tombou a poucos quilômetros da estação de Santiago de Compostela, foi preso e acusado de homicídio por imprudência após receber alta do hospital onde estava internado.

Minayo explicou que na Espanha existem as chamadas linhas "convencionais" e as "de alta velocidade".

Segundo o diretor-geral, as primeiras, "que poderíamos definir como as dos trens tradicionais", têm 11.600 quilômetros de extensão no país.

Segundo Minayo, estas linhas são utilizadas por trens de curta distância, de mercadorias, regionais e de longos percursos, entre eles os Alvia (nome do tipo do trem que se acidentou) em parte de seu itinerário.

A velocidade máxima que pode ser atingida nas linhas convencionais, de acordo com o diretor da Renfe, é de 200 quilômetros por hora.

Minayo explicou que as linhas de alta velocidade foram construídas para atingir 300 km/h e que somam no país cerca de 2.300 quilômetros de extensão, como por exemplo a Madri-Sevilha e a Madri-Barcelona.

"Estes trens que podem alcançar os 300 quilômetros por hora não podem circular pelas linhas convencionais, entre outras coisas, porque seus trilhos são do tipo fixo e de largura europeia, enquanto as linhas convencionais tem a chamada largura ibérica, superior a europeia", acrescentou.

Segundo Minayo, a linha Orense-Santiago, onde ocorreu o acidente, "formará no futuro parte da linha de Alta Velocidade Madri-Galícia", atualmente em construção.

"A seção inaugurada em dezembro de 2011 se inicia a alguns quilômetros de Orense e vai até quase quatro quilômetros antes da estação de Santiago", disse o diretor-geral da Renfe.

Para que esta seção faça parte da linha de alta velocidade Madri-Galícia, Minayo disse que as estações e os acessos ferroviários deverão ser remodeladas e modificada a largura dos trilhos.

Quando isto ocorrer, "poderão circular por ela vindo de Madri trens capazes de alcançar 300 quilômetros por hora, algo que hoje não é possível na linha Orense-Santiago", explicou o diretor-geral.

Em relação ao sistema de segurança da linha utilizada pelo trem acidentado, Minayo disse que se tratava do tipo ASFA (Anúncio de Sinais e Freado Automático), similar ao utilizado em todas as linhas convencionais europeias.

Segundo o diretor-geral, este sistema está instalado "em aproximadamente 14 mil quilômetros: os 11.600 das linhas convencionais, nas quais é o sistema titular, e também nos 2.300 quilômetros das linhas de alta velocidade, nas quais é o sistema de apoio".

Na Espanha, para velocidades superiores a 200 km/h, situação na qual a percepção visual dos sinais da via não é suficiente, "o sistema mais utilizado é o denominado ERTMS (Sistema Europeu de Gestão do Tráfego Ferroviário), com quase 2.000 quilômetros, e além disso existem os mais de 450 quilômetros do sistema LZB, da linha de alta velocidade Madri-Sevilha", explicou Minayo.

O diretor-geral informou além disso que a Espanha é "pioneira na utilização do ERTMS" e o país da Europa onde este sistema de segurança é mais difundido.

Minayo também destacou que "Alvia", nome do tipo de trem que se acidentou, "é um nome comercial de um produto que a Renfe oferece", como o serviço "AVE" (Alta Velocidade Espanhola). "São produtos comerciais, sem importar os equipamentos que usam", indicou.

A Renfe utiliza o nome "Alvia" para serviços que tem no mesmo trajeto linhas de alta velocidade e linhas convencionais, pois as características desses trens os permitem circular pelos dois tipos de linhas, esclareceu o diretor-geral.

O trem acidentado é um dos veículos "híbridos" que podem usar vias eletrificadas ou sem linhas aéreas de eletricidade e com largura variável, explicou Minayo.

Em 2012, as séries de trens "híbridos" realizaram mais de 17.000 serviços, que percorreram mais de nove milhões de quilômetros e transportaram mais de 3,5 milhões de viajantes.