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MST ocupa centro de pesquisa de eucalipto transgênico em Itapetininga (SP)

Militantes do MST ocupam centro de pesquisas da Suzano Papel e Celulose, em Itapetininga (SP) - Divulgação/MST
Militantes do MST ocupam centro de pesquisas da Suzano Papel e Celulose, em Itapetininga (SP) Imagem: Divulgação/MST

No Rio

05/03/2015 14h52

Cerca de mil mulheres militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ocuparam nesta quinta-feira (5) um centro de pesquisa científica de propriedade da fábrica de celulose Suzano Papel e Celulose em um protesto contra os alimentos transgênicos, informou a organização em comunicado.

Os membros do combativo movimento brasileiro invadiram as instalações da FuturaGene Brasil Tecnologia, uma empresa em Itapetininga, no Estado de São Paulo, onde a fábrica de celulose faz pesquisas com transgênicos para melhorar sua produtividade.

De acordo com o MST, a ação, que se engloba na Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas, pretende alertar sobre os perigos que suporia a liberalização do cultivo de eucaliptos transgênicos no Brasil.

A ocupação coincide com uma reunião convocada para esta quinta-feira pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) e na qual este organismo vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação pretende votar a libertação do eucalipto transgênico no Brasil.

A FuturaGene prevê que a plantação destas árvores transgênicas permitirá um aumento de 20% na produtividade do eucalipto, o que colocaria o país na vanguarda da produção mundial de pasta de papel obtida de sua fibra.

No entanto, vozes críticas ao projeto alegam que a liberalização da plantação de eucaliptos transgênicos apenas favoreceria a fábrica de celulose Suzano. O MST, por sua vez, denuncia em seu comunicado que são vários os prejuízos econômicos, sanitários e ambientais que esta liberalização provocaria.

De acordo com a organização de camponeses, para prevenir pragas, a plantação de eucalipto transgênico precisa do uso de produtos agrotóxicos como a sulfluramida, um elemento cancerígeno e proibido pelo Convênio de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes, assinado por 153 países, entre os quais está o Brasil.

O MST alega que seu cultivo também prejudicaria os produtores de matérias-primas orgânicas, como o mel, já que sua produção poderia ser contaminada durante o processo de polinização das abelhas pelas substâncias presentes nas árvores transgênicos.

A organização diz também que o ciclo de crescimento destes eucaliptos se reduz de 7 anos a 5 anos e meio, para o qual é preciso um aumento do uso de recursos hídricos, o que, na opinião do MST, representa um sério problema em um país que atualmente atravessa uma das maiores secas de sua história.