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Confrontos entre palestinos e israelenses continuam no "Dia da Ira"

23/10/2015 18h53

Jerusalém, 23 out (EFE).- Cerca de cem palestinos ficaram feridos em confrontos com forças de segurança israelenses nesta sexta-feira, segundo fontes médicas palestinas, dia considerado pelo Hamas como "Dia da Ira", no qual tiveram continuidade os esforços diplomáticos para tentar reduzir a violência.

O grupo islamita pediu aos palestinos de Gaza e Cisjordânia para que "façam frente às forças do exército israelense", convocação que foi atendida em diversos pontos da Palestina.

Na entrada norte de Hebron, em Halhul, uma manifestação convocada pelo Hamas gerou duros confrontos e terminou com três palestinos feridos por munição real, dois por balas de borracha e 15 atendidos após inalar gás lacrimogêneo usado pelas forças israelenses, segundo informou a agência de notícias palestina "Ma'an".

Nesta região cisjordaniana os distúrbios se concentraram em dois postos controlados pelo exército israelense situados no coração da cidade, onde os manifestantes palestinos arremessaram pedras e coquetéis molotov e as forças da ordem usaram meios antidistúrbios e armas de fogo.

Segundo uma porta-voz militar, na área do assentamento de Bet El, próxima a Ramala, houve distúrbios em que um agente da guarda de fronteiras israelense ficou levemente ferido em uma mão.

Também perto deste local, uma mãe e seus dois filhos de nacionalidade israelense ficaram feridos após o veículo em que estavam ser atingido por um coquetel molotov, comunicou o exercito israelense. Uma criança de 4 anos sofreu queimaduras menos graves, enquanto outra, de 11, e a mulher, de 40, têm queimaduras leves.

Cerca de 300 pessoas se reuniram no posto de controle dos Escritórios de Coordenação de Distrito, um terço delas integrantes do movimento nacionalista Fatah, liderado pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, para apoiar a convocação do "Dia da Ira", segundo testemunhas.

A agência palestina "Ma'an" também informou que 13 pessoas foram intoxicadas por inalar gás em Qalkilia, ao norte da Cisjordânia, e outros dois em Ramala, segundo dados do Crescente Vermelho (equivalente à Cruz Vermelha).

Na cidade cisjordaniana de Belém, os confrontos se concentraram nos arredores do túmulo de Raquel, onde palestinos lançaram coquetéis molotov e pedras, e as forças israelenses responderam com meios de dispersão de massas.

Em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde local, 18 palestinos ficaram feridos por tiros de forças israelenses com munição real e balas de borracha, incluindo três fotógrafos.

No interior da faixa, o Hamas e a também islamita Jihad Islâmica organizaram manifestações para demonstrar apoio à atual revolta, que consideram uma nova Intifada, e pediram sua continuação.

Antes que os distúrbios se estendessem pela Cisjordânia e Gaza, as autoridades israelenses suspenderam hoje, pela primeira vez em um mês, as restrições de idade aos muçulmanos para que pudessem comparecer à reza das sextas-feiras na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém, e a oração foi concluída sem incidentes na cidade.

No começo da manhã, um soldado israelense foi ferido a facadas perto do bloco de assentamentos de Gush Etzion, onde o agressor recebeu um tiro na perna e foi preso.

Após 23 dias de distúrbios e ataques que parecem não ter fim, a diplomacia internacional mantém os esforços para deter a onda de violência que já tirou a vida de 52 palestinos - quase a metade morta durante agressões a israelenses, a maioria com arma branca -, nove israelenses, um eritreu e um palestino com nacionalidade israelense.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu calma hoje, de modo a evitar que a situação piore e envolva cada vez mais assuntos religiosos, e mostrou "profunda preocupação" em relação ao que teve a oportunidade de testemunhar durante a inesperado viagem à região nesta semana.

No entanto, o diplomata sul-coreano se mostrou levemente otimista e garantiu à imprensa em Nova York que "apesar da ira e da polarização, ainda há tempo para dar um passo atrás na beira do abismo".

O Quarteto para o Oriente Médio - composto por ONU, EUA, Rússia e UE - se reuniu nesta sexta-feira em Viena para abordar a onda de violência em um encontro que contou com a participação do secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov.

Durante o encontro, o Quarteto insistiu na necessidade de Israel manter o status quo dos lugares sagrados de Jerusalém e ressaltou o pedido para que ambas partes moderem e evitem provocações, segundo um comunicado divulgado.