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Papa evoca mártires de Uganda para reivindicar sociedade mais justa

28/11/2015 07h29

Campala, 28 nov (EFE).- O papa Francisco celebrou uma grande missa neste sábado em Uganda, onde prestou homenagem aos 45 mártires assassinados entre 1885 e 1887 neste país por defender sua fé cristã, e pediu que se abrace seu exemplo para "construir uma sociedade mais justa".

A cerimônia aconteceu no santuário católico dos mártires de Namugongo, perto de Campala, perante dezenas de milhares de pessoas que esperaram durante horas para escutar o pontífice, que lembrou que o sacrifício dos mártires - 23 anglicanos e 22 católicos - "alcançou os extremos confins da Terra".

Francisco lembrou Joseph Mukasa, mordomo pessoal do soberano Mwanga II de Buganda, que foi decapitado em novembro de 1885 após reprovar seu senhor por manter relações homossexuais.

O monarca também ordenou queimar vivos o substituto de Mukasa, Carlos Lwanga, e outros 11 católicos meses depois.

"Não estava ameaçada somente sua vida, mas também a dos rapazes mais jovens confiados a seus cuidados", declarou o papa, se referindo aos dois mártires, de quem disse que "seu exemplo segue inspirando hoje tantas pessoas no mundo".

O pontífice dedicou também palavras aos 23 mártires anglicanos assassinados no mesmo período, "cuja morte por Cristo testemunha o ecumenismo do sangue".

O sacrifício destes santos revela, segundo sua opinião, a necessidade de "nos aproximar dos necessitados, de cooperar com os outros pelo bem comum e de construir, sem excluir ninguém, uma sociedade mais justa".

A missa serviu para comemorar o quinquagésimo aniversário da canonização destes mártires, que o pontífice qualificou como "verdadeiros heróis nacionais".

Em sua chegada ao santuário, no papamóvel e rodeado de fortes medidas de segurança, dezenas de milhares de pessoas aclamaram o pontífice aos grito de "papa, papa" e ondeando bandeirolas com as cores do Vaticano.

A missa no templo de Namugongo, erguido em homenagem aos católicos que Buganda ordenou esquartejar ou queimar vivos, é o ato central da visita papal a Uganda, a segunda parada de sua viagem pela África.

Antes de celebrar a missa, Francisco visitou o templo anglicano, onde rezou de joelhos uma oração pelos mártires e saudou os milhares de devotos que se concentraram desde cedo nas imediações.

As palavras do papa, que fez seu discurso em italiano, foram recebidas entre aplausos dos presentes, que abarrotaram totalmente o recinto. Além disso, fiéis e religiosos acompanharam os tradicionais cântico religiosos com gritos de celebração, frequentes nas cerimônias africanas.