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Judeus argentinos pedem reabertura de denúncia de Nisman contra Cristina

11/10/2016 14h49

Buenos Aires, 11 out (EFE).- Associações judaicas da Argentina apresentaram um recurso nesta terça-feira contra a decisão da Justiça de não reabrir a denúncia apresentada pelo promotor Alberto Nisman, morto em 2015, contra a ex-presidente do país, Cristina Kirchner, por suposto encobrimento de terroristas acusados de serem responsáveis pelo atentado que matou 85 pessoas em 1994.

A Delegação de Associações Israelitas Argentinas (Daia) apresentou um recurso na Câmera Federal de Cassação para contestar a decisão do juiz Daniel Rafecas, que arquivou a denúncia por inexistência de crime, disseram à Agência Efe fontes do órgão.

"Não vamos deixar de trabalhar para que se averigue a denúncia e qualquer outra denúncia que houver sobre a morte do promotor (Nisman), além dos atentados contra a comunidade judaica", afirmou à Efe o presidente da Daia, Ariel Cohen Sabban, após o recurso.

O promotor morto, encarregado da investigação do atentado contra a Associação Mutualista Israelita Argentina (Amia), apresentou uma denúncia contra a ex-presidente em janeiro de 2015, quatro dias antes de ser encontrado morto em casa, com um tiro na cabeça, em circunstância ainda por esclarecer.

Em sua denúncia, Nisman sustentava que um acordo assinado entre Argentina e Irã em 2013, que o governo garantiu servir para avançar no esclarecimento do ataque à Amia, buscava, na realidade, encobrir os suspeitos, entre eles o ex-presidente iraniano Ali Akbar Rafsanjani, em troca de impulsionar o comércio bilateral.

O pacto nunca foi ratificado pelos dois países, apesar de ter sido aprovado pela maioria governista no Congresso da Argentina. Depois, acabou sendo declarado inconstitucional pela Justiça.

A denúncia foi recebida inicialmente no tribunal de Rafecas, que a arquivou pouco tempo depois por inexistência de crime. A decisão foi depois confirmada por dois tribunais de instância superior.

Em agosto, a Daia e a Promotoria da Argentina pediram que o caso fosse desarquivado e, diante da recusa do juiz, decidiram apresentar uma série de recursos para tentar reabri-lo.