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Nova Constituição é aprovada por ampla maioria no Egito, diz governo

 Mohamed Abd El Ghany / Reuters
Imagem: Mohamed Abd El Ghany / Reuters

15/01/2014 18h16

CAIRO, 15 Jan (Reuters) - Os eleitores egípcios aprovaram de forma esmagadora uma nova Constituição em referendo realizado nesta semana no país, disse uma autoridade do Ministério do Interior nesta quarta-feira, um resultado que poderá abrir caminho para a candidatura presidencial do chefe do Exército, general Abdel Fattah al-Sisi.

"O comparecimento às urnas até agora pode exceder 55 por cento e a aprovação da Constituição é, talvez, superior a 95 por cento", disse o major-general Abdel Fattah Othman, diretor de relações públicas do ministério, ao canal de satélite privado Al-Hayat.

Ele citou resultados preliminares dos dois dias de votação que terminaram às 21h (horário local) nesta quarta-feira.

O resultado não é nenhuma surpresa. Houve pouco ou nenhum traço de oposição à nova Constituição, apoiada pelos egípcios que foram favoráveis à derrubada do presidente islâmico Mohamed Mursi pelo Exército, em julho.

A Irmandade Muçulmana havia pedido um boicote ao referendo.

O Ministério do Interior afirmou que 444 pessoas foram presas por "obstruir o processo de referendo" durante a votação.

O projeto da nova Constituição remove os termos islâmicos da Carta aprovada um ano atrás quando Mursi ainda estava no poder. Além disso, fortalece os órgãos do Estado que o desafiaram: o Exército, a polícia e o Judiciário.

Sisi, que depôs Mursi após protestos de massa contra o governo dele, aparenta estar esperando o resultado do referendo para decidir se irá se candidatar à Presidência, embora analistas digam que sua candidatura parece ser uma conclusão precipitada.

O Instituto do Cairo para os Direitos Humanos criticou a mídia egípcia por "alimentar o ódio contra a Irmandade" e contribuir para o clima de intimidação.

Em muitas seções eleitorais do Egito, país mais populoso do mundo árabe, o referendo parecia fundir-se com um voto em favor do próprio Sisi.

Mulheres gritavam seu nome e ululavam na fila para votar enquanto uma canção pró-Exército, popularizada depois da derrubada de Mursi, era tocada em carros.

O referendo é peça-chave no plano de transição política que o governo interino formulou como um caminho para a democracia ao mesmo tempo em que continua a adotar medidas ferozes contra a Irmandade, que até o ano passado era o partido mais bem organizado do Egito.

(Reportagem de Sameh Bardisi, Tom Perry, Shadia Nasralla, Omar Fahmy e Reuters TV)